Por Fernando Galli
É inegável que Deus dotou o homem e os
seres espirituais da faculdade da comunicação e, no caso dos que são
seus filhos, do importar-se uns com os outros. Católicos, protestantes e
evangélicos estão de acordo com isso.
Também é consenso entre os cristãos que os filhos de Deus aqui na
terra podem interceder uns pelos outros, pois lemos em 2 Tessalonicenses
3:1:“Por fim, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor seja divulgada e glorificada, como também aconteceu em vosso meio.”
Em 1 Timóteo 2:1, encontramos provas da necessidade de intercedermos a Deus por outros:
“Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens.”
Mediador e Intercessores
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Todavia, as dificuldades surgem entre católicos, protestantes e evangélicos quando algumas questões são levantadas pela Igreja Romana. A primeira é:
Todavia, as dificuldades surgem entre católicos, protestantes e evangélicos quando algumas questões são levantadas pela Igreja Romana. A primeira é:
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Argumento Católico Romano 1 -
Se Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, conforme 1 Timóteo
2:5, e se medeia, intercede, e se ao mesmo tempo podemos interceder uns
pelos outros, portanto, sermos intercessores, não indicaria isso que o
fato de Jesus ser o único mediador ou intercessor não impediria de os
santos católicos imitarem a Cristo e elevarem a Deus pedidos em nosso
favor?
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Resposta Cristã - Em
primeiro lugar, precisamos compreender que embora tanto Cristo como os
cristãos, e até o Espírito Santo de Deus (Romanos 8:26, 27), intercedam
por nós, o texto de 1 Timóteo 2:5 fala de mediação, não intercessão.
Embora a mediação de Cristo entre Deus e os homens possa incluir a atos
intercessores, apenas Cristo é o mediador. Por quê? Porque a palavra
grega “mesítes” é, no contexto cristão, aplicada apenas a Jesus
Cristo. (Veja Hebreus 8:6; 9:15) Observe, abaixo, o texto grego em 1
Timóteo 2:5:
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Esta palavra mesítes é, no contexto Cristão, aplicada apenas a Jesus porque, conforme VINE explica, “a
salvação dos homens tornava necessário que o próprio Mediador possuísse
a natureza e atributos daquele para quem Ele age, e, igualmente
participasse da natureza daqueles por quem Ele age (exceto o pecado);
somente sendo possuidor da deidade e da humanidade é que Ele poderia
compreender as reivindicações de um e as necessidades dos outros.” ¹
Em outras palavras, só Jesus pode ser este mediador por ser
perfeitamente Deus e perfeitamente homem.* Mas quando se trata de
intercessão de uns para com os outros, usam-se outras palavras gregas
que não mesítes. Por exemplo, em 1 Timóteo 2:1, Paulo exorta que se faça intercessões (enteukis) por todos os homens. Veja como essa palavra ocorre no texto em grego:
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Em Romanos 8:26, 27, os verbos para interceder, referindo-se à obra do Espírito Santo na vida do crente, são entunchano, no v. 27 (fazer petição) ehypertounchano, no versículo 26, com o significado de “interceder em favor de outrem“. (VINE) Veja o texto em grego abaixo:
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No caso de Jesus, além de ser o único mesítes (Mediador), em Romanos 8:34 lemos que Ele intercede (entunchano) por nós. Com isso em mente, Jesus é o único mesítes (mediador) e intercede (entunchano),
e nós não podemos ser mediadores no mesmo sentido que Jesus é, todavia,
nós e o Espírito Santo podemos interceder pelos salvos em Cristo Jesus.
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Com essas informações em mente, não é o
fato de Jesus ser o único mediador entre Deus e os homens, em si, que
provaria que nós não devemos pedir pela intercessão dos santos que já
estão na glória celestial. Afinal de contas, o texto que usamos em 1
Timóteo 2:5 fala do papel exclusivo de Jesus: Somente Ele medeia entre
Deus e nós porque apenas Ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem,
e isso a Igreja Católica Romana também crê.
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O que católicos, protestantes e
evangélicos precisam provar é: Há na Bíblia indícios de que a
intercessão de uns para com os outros continua após a morte, ou que
podemos pedir a um santo lá no céu para que interceda por nós a Deus?
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Para os católicos, suas maiores provas
são extra-bíblicas. Baseiam-se na Tradição da Igreja. Segundo eles, já
nos primeiríssimos anos do Cristianismo, os cristãos, nas catacumbas de
Roma, ao se reunirem ali escondidos dos Imperadores Romanos, cultuavam
os mortos. De fato, há nessas catacumbas inscrições de cristãos pedindo a
Pedro e a Paulo que rezassem por fulano ou beltrano. Todavia, esse
costume de acordo com as Escrituras era errôneo. A Bíblia ensina em
Eclesiastes 9:3-11 que os mortos nada sabem do que ocorre debaixo do
céu. Além do que tais inscrições nessas catacumbas também incluíam
petições a deuses e semi-deuses pagãos, para agirem como intercessores,
provando que os cristãos, entre os séculos II e IV, davam indícios de
contaminação por práticas pagãs.
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Alguns católicos poderiam dizer, então:
Se a Igreja era tão errada entre os séculos II e IV, como poderia ter
autoridade para escolher quais livros seriam incluídos no Cânon Bíblico?
A Igreja como povo de Deus nunca foi errada, mas as pessoas que a
compõem, sempre foram imperfeitas. Daí vemos Salomão ser escritor da
Palavra de Deus mas ter se desviado de Deus (1 Reis 11). Isso mostra o
amor de Deus por seus filhos, que apesar de seus erros, foram usados por
Deus para cumprir seus propósitos. E a beleza desse amor é que apesar
de uma igreja ainda jovem, que sofria às mãos de seus perseguidores,
Deus não permitiu que acrescentassem em sua Palavra nenhuma dessas
práticas errôneas contrárias a outros versículos da Bíblia, como
acreditar que Pedro e Paulo poderiam interceder por nós, e que eles
poderiam nos ouvir.
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Mesmo assim, os apologistas católicos
tentam usar a Bíblia para apoiar a argumentação em favor da crença na
intercessão dos santos. Por exemplo, podem usar Apocalipse 6:9, 10.
Lemos ali:
“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. Eles clamaram em alta voz, dizendo: Ó Soberano, santo e verdadeiro, até quando aguardarás para julgar os que habitam sobre a terra e vingar o nosso sangue?“
Este texto fala dos mártires devido ao
evangelho de Jesus, enquanto estão no céu, pois são almas e haviam sido
mortas, clamando a Deus em favor do julgamento dos que habitam na terra e
da vingança do sangue dos próprios mártires (“vingar o nosso sangue?”).
Mas onde no texto se afirma que estes mártires estão intercedendo por
nós aqui na terra? Em lugar algum! Eles estão pedindo em favor deles
mesmos, lá no céu, e por justiça e julgamento contra os que os mataram.
Eles sabem que morreram assassinados, por isso clamam por justiça para
com seus assassinos. É isso realmente intercessão? De jeito nenhum! E se
fosse, essa passagem provaria, no máximo, que os no mundo espiritual
podem interceder apenas pelos que vivem no próprio paraíso (céu para os
católicos), assim como também, segundo a Bíblia, os cristãos aqui na
terra devem interceder apenas por aqueles que ainda vivem entre nós. Por
isso, desafio os católicos a provarem na Bíblia, em livros Inspirados
por Deus (não em aberrações encaradas como parte das Escrituras apenas
no século XV), se:
1. Há na Bíblia um único caso de seres espirituais intercedendo a Deus por nós aqui, além de Jesus.
2. Há na Bíblia um único caso de um cristão dirigir-se a algum espírito para que este interceda a Deus por alguém na terra, que não seja Jesus?
Então, o ponto que precisamos
enfatizar: O fato de crermos que Jesus é o único mediador entre Deus e
os homens não anula a necessidade de intercedermos uns pelos outros aqui
na terra, pelo fato de que o papel de Jesus de mediar depende de Ele
cumprir com os requisitos de ser perfeitamente Deus e Homem, e sem
pecado, portanto, apenas ele pode mediar. Mas nós não precisamos ser
perfeitamente Deus e homem, e sem pecado, para pedir a Deus por outros.
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Argumento Católico Romano 2 - Nós,
católicos, cremos que só existe um mediador diante de Deus e dos
homens. Não existem dois, mas um apenas. Muito menos que Jesus seja o
principal mas haja outros coadjuvantes. Assim, cremos num único
mediador, todavia, Ele, Jesus, não é sozinho. Cristo tem um corpo e esse
corpo é a igreja. Cristo é a cabeça e nós somos o corpo, e como corpo
de Cristo, nós somos os membros do corpo desse único mediador. Por isso
que São Pedro pode falar que somos sacerdotes. É por isso que o
Apocalipse pode dizer que somos um reino de sacerdotes. Assim como Jesus
é o único sacerdote mas não é sozinho, pois tem outros sacerdotes, ou
seja, a Igreja, assim também Jesus é o único mediador (intercessor) mas
não é sozinho, pois tem sua igreja como seu corpo intercessor. Assim,
esse único mediador é Cristo, mas o Cristo total, ou seja, Ele e a
Igreja. Sendo assim, a sua igreja pode, como corpo dEle, mediar e
interceder. Assim, esse único mediador é a cabeça e os membros (nós,
cristãos).
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Resposta Cristã - Em
primeiro lugar, quando se diz na Bíblia que Cristo é o cabeça do corpo,
a Igreja, não se usou essa figura de linguagem, esse recurso
linguístico, para ensinar que Cristo é o único mediador, mas não no
sentido estrito, rígido. Usou-se apenas essa metáfora para mostrar a
relação inseparável de Cristo com sua Igreja. Se fôssemos levar isso a
sério, que sempre o que Cristo faz a sua igreja deve fazer igual, pelo
fato de serem juntos cabeça e corpo, então seríamos obrigados a admitir
que literalmente morremos com Jesus na cruz, que Cristo intercede por
ele mesmo, e outras aberrações. De fato, se esse papo de Cristo-Todo
fosse base para os do céu intercederem por nós, então deveríamos orar a
Deus em favor deles, mas por quais motivos? Se conforme alguns católicos
sugerem, os anjos de Deus informam os santos de nossas petições (pois
os santos não podem nos ouvir), ou que o próprio Deus conte aos santos
nossos pedidos para eles contarem os mesmos pedidos a Deus, então já que
somos um Cristo-Todo, seria muito natural que Deus nos informasse por
quais motivos devêssemos orar pelos santos já na glória. Mas isso não
acontece. É óbvio! Será que o Cristo-Todo, em termos de intercessão,
funciona só de baixo para cima? Sei não!
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Em segundo lugar, o fato de Jesus ser o
único sacerdote (na verdade ele é Sumo Sacerdote) sendo que somos
sacerdotes com ele piora as coisas para a Igreja Católica, porque prova
que há ações e atitudes que somente Cristo faz, assim como os sumos
sacerdotes em Israel realizavam obras no santíssimo que somente eles
poderiam fazer. Portanto, só Jesus, no céu, ouve nossas orações, pois
ele é Deus, e somente ele tem esse poder. Só Deus é mencionado nas
Escrituras como ouvinte de oração. Aqui na terra, quando alguém pede uma
oração da nossa parte em seu favor, o pedido dela é atendido porque a
outra pessoa pôde ouvi-la. Mas será que no céu os santos têm o poder de
ouvir milhões de orações ao mesmo tempo e levá-las a Jesus, para Jesus
levar para Deus-Pai?
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Em terceiro lugar, pensemos em outros
questionamentos. Por exemplo, os anjos de Deus são mensageiros de Deus e
muitas vezes em nosso favor. Quando enviados por Deus, eles agem por
nós. Nesse sentido, poderiam ser considerados intercessores de Deus, não
entre Deus e os homens. Por quê? Porque não há um caso nas Escrituras
em que um servo de Deus orou a um anjo! Orações intercessoras a seres
espirituais, que não sejam a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), não são
mencionadas na Bíblia. O fato de homens conversarem com anjos de Deus
não significa que eles estivessem orando e contando com a intercessão
deles, do modo como a Bíblia nos ensina a interceder uns pelos outros.
Além disso, no mundo espiritual, não há referências bíblicas de santos
orando a Deus por nós.
Conclusão
Não cremos na Tradição da Igreja Católica Romana. Ela é antibíblica. Qualquer estudioso sincero sabe que a Igreja Romana chupou com força muitas de suas crenças do paganismo. Nada nas Escrituras, nem de longe nem de perto, apóia a crença de que os santos lá intercedem por nós. Há de se fazer muito malabarismo textual para provar o absurdo. No mundo espiritual, é Jesus, com suas naturezas divina e humana, quem faz a intercessão e mediação. Mesmo assim, Deus nos ensina a orar uns pelos outros, intercedendo uns pelos outros. Isso faz com que Jesus deixe de ser o único mediador em sentido estrito? Não, porque ser mediador é apenas papel de Cristo, porque sua mediação se dá por ser plenamente Deus e plenamente homem, e é aplicada em sentido salvífico. Nós não podemos, no contexto Cristão, sermos mediadores entre Deus e os homens, porque não podemos religar o homem com Deus. Mas podemos interceder pelos outros porque Deus assim permite que nos importemos com nosso irmão.
Quanto aos que estão na glória (no céu, para os católicos romanos), lá no paraíso não lhes foi dada essa função de interceder por nós por sua incapacidade e limitações. Eles não podem nos ouvir. E não há um versículo na Bíblia que nos ensine que os anjos que vivem à nossa volta ouvem nossas orações e as levem para os santos, para que estes as levem para Jesus.
Alguns apologistas católicos dizem que oram todos os dias pelos protestantes e evangélicos, para que estes se convertam, tornando-se católicos, para que só assim possam ser salvos. Quanto a nós, protestantes e evangélicos, oramos para que Deus continue demonstrando a sua graça a todos eles, e que possamos confiar na salvação da Igreja através de Cristo, não de placas denominacionais.
- Fernando Galli.
Notas:
* Embora Moisés seja chamado de Mesítes (mediador), este representava a Cristo. – Gálatas 3:19, 20.
¹ VINE, W. E. Dicionário VINE : O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Página 777. 3.a Edição. São Paulo, SP: CPAD. 2003.
Não cremos na Tradição da Igreja Católica Romana. Ela é antibíblica. Qualquer estudioso sincero sabe que a Igreja Romana chupou com força muitas de suas crenças do paganismo. Nada nas Escrituras, nem de longe nem de perto, apóia a crença de que os santos lá intercedem por nós. Há de se fazer muito malabarismo textual para provar o absurdo. No mundo espiritual, é Jesus, com suas naturezas divina e humana, quem faz a intercessão e mediação. Mesmo assim, Deus nos ensina a orar uns pelos outros, intercedendo uns pelos outros. Isso faz com que Jesus deixe de ser o único mediador em sentido estrito? Não, porque ser mediador é apenas papel de Cristo, porque sua mediação se dá por ser plenamente Deus e plenamente homem, e é aplicada em sentido salvífico. Nós não podemos, no contexto Cristão, sermos mediadores entre Deus e os homens, porque não podemos religar o homem com Deus. Mas podemos interceder pelos outros porque Deus assim permite que nos importemos com nosso irmão.
Quanto aos que estão na glória (no céu, para os católicos romanos), lá no paraíso não lhes foi dada essa função de interceder por nós por sua incapacidade e limitações. Eles não podem nos ouvir. E não há um versículo na Bíblia que nos ensine que os anjos que vivem à nossa volta ouvem nossas orações e as levem para os santos, para que estes as levem para Jesus.
Alguns apologistas católicos dizem que oram todos os dias pelos protestantes e evangélicos, para que estes se convertam, tornando-se católicos, para que só assim possam ser salvos. Quanto a nós, protestantes e evangélicos, oramos para que Deus continue demonstrando a sua graça a todos eles, e que possamos confiar na salvação da Igreja através de Cristo, não de placas denominacionais.
- Fernando Galli.
Notas:
* Embora Moisés seja chamado de Mesítes (mediador), este representava a Cristo. – Gálatas 3:19, 20.
¹ VINE, W. E. Dicionário VINE : O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Página 777. 3.a Edição. São Paulo, SP: CPAD. 2003.
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