quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Olhe para a Cruz, pois o que reparto agora irá doer na tua alma!



Neste mês de março de 2012, efeméride que ficará marcada na história da instituição, A Sociedade Bíblica do Brasil entrega ao mercado a Bíblia Apostólica com anotações de Estevam Hernandes (autoproclamado precursor da visão apostólica no Brasil) e prefácio de Renê Terra Nova.
Vou repetir NOVAMENTE: A Sociedade Bíblica do Brasil entrega ao mercado...
Agora, eu penso que o leitor está sentindo mesma dor que eu estou sentindo agora.
Não. É pouco!

 Vamos enfiar esta adaga com mais força no seu coração:
“Deus nos deu o privilégio de ter a primazia do apostolado no Brasil e essa Visão se espalhou por todos os lugares. Com esta publicação, que é a primeira Bíblia Apostólica anotada do mundo, desejamos que esta visão alcance ainda mais vidas, resgatando a cada dia mais pessoas para Jesus” Estevam Hernandes
Note bem: A primeira bíblia apostólica do mundo. Aquela que faltava. A visão que o mundo precisa para alcançar mais vidas. Ali temos Evangelhos escritos por apóstolos sem eira e nem beira, mas as anotações e comentários... são da lavra de O apóstolo. Aquele da primazia da visão apostólica. O maioral! 

 Uma joia impressa na nossa... Sociedade Bíblica do Brasil.
A edição da bíblia apostólica traz 15 páginas que explicam o que é a Visão Apostólica e como ela chegou até a Igreja dos nossos dias.

Se você não sabe como chegou, vai saber meu mano! Estevam vai te contar como a igreja chegou claudicante e desorientada até o ápice de sua jornada... Quando o pai da visão apostólica se fez carne nesta terra, foi preso e acorrentado em Miami, ganhou uma tornozeleira eletrônica sem espinhos  e voltou ao terceiro mês ao Cambuci, de onde irá julgar os tolos e os néscios!

Produzida pela Sociedade Bíblica do Brasil, a edição terá ao longo dos 66 livros mais de 5.000 notas comentadas, mapas coloridos, 40 estudos bíblicos, 40 perfis de personagens bíblicos e 40 ministrações de ofertas.
O melhor de tudo, claro, são as tais 40 ministrações de oferta, especialidade de Ali Estevam, o homem que na numerologia gospel de Morris Cerrulo tem o número 40: Quarenta (mil) processos, 40 bispos ladrões... Enfim, filho na fé de Ali, o Babá.
 Ohhhh Aleluia!
Olhem para a Cruz, pois tem mais:
“Creio que é chegado um tempo de unidade no Reino, um tempo no qual precisamos nos apegar ainda mais à Verdade, Jesus, para vermos o manto apostólico sendo estabelecido sobre nossa nação [...] esta Bíblia será como uma bússola que fará com que você caminhe sempre e sempre em direção à Verdade Maior, Jesus. E nada melhor do que um apóstolo para conduzi-lo por estas linhas de decisão [...] E você será adestrado para este tempo profético e apostólico que estamos vivendo através desta Bíblia que está em suas mãos“. 
Renê Terra Nova em seu prefácio à bíblia apostólica produzida pela Sociedade Bíblica do Brasil, sim meus amigos: a nossa SBB.
E tem mais, após puxar a descarga, Terra Nova continua obrando:
 “Estevam é um líder incansável! Tenho visto isso na sua vida e história, que se tornou uma espécie de GPS apostólico, pois muitos não tinham coragem de romper e adotar a nomenclatura (de apóstolo). Depois que ele abriu o caminho, todos estão logrando êxito em muitas áreas dos seus ministérios. Por trás, porém, existe esse estimulador de valores, um homem que treinou muitos generais de guerra no mundo espiritual.”
Sem dúvida! Depois que Ali Estevam Baba disse o seu Abre-te sézamo apostólico, adentraram na caverna muito mais do que 40 ladrões.

A Renascer foi qualificada pelo MINISTÉRIO PÙBLICO como uma organização CRIMINOSA. As heresias expressas, já no prefácio desta edição são gritantes! Como... Mas como a SBB aceita participar de uma empreitada destas? Tem de haver um limite!
Aguardemos o que tem a dizer a Sociedade Bíblica do Brasil.
Entre todos os posts publicados neste site, este é, até o momento, aquele que eu menos gostaria de ter escrito e postado. Rogo a Deus que eu possa ter motivos de me retratar.

Sou um grande entusiasta de bíblias de estudo, comentadas, temáticas, funcionais, comparativas, etc. Já disse isto aqui algumas vezes. Possuo quase 100 destas publicações. Para mim são uma motivação (extra, óbvio) de iniciar mais uma leitura das Escrituras (já o fiz dezenas de vezes) e aprender com comentários de gente que sabe mais do que eu.

Aproveito os estudos para o meu grupo pequeno, nas minhas pregações, aprendo muito com os destaques temáticos e de contexto histórico e enriqueço a minha experiência, comparando textos.

Sempre que uma bíblia do gênero é lançada, encaro com alegria a tarefa de ler e recomendar (se for o caso) aos leitores do Genizah. Já o fiz diversas vezes. Sei que a minha opinião e divulgação ajudaram  nas vendas e, garanto, em todos os casos, o fiz com muita alegria e convicção de quem indica algo de qualidade e que irá enriquecer a vida dos irmãos.

Poucas vezes me deparei com um erro grosseiro como este, onde as Escrituras Sagradas servem de moldura para a disseminação de heresias no meio do povo de Deus. A “financeira” do Malafaia é um exemplo triste. As exegeses feitas para privilegiar o falso evangelho da prosperidade são lamentáveis. A hermenêutica de mamon! Contudo, quem publicou não causa desapontamento. Agora, este presente escândalo sair das prensas da SBB é uma lástima.   

Descontradizendo Contradições

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Como Abordar as Dificuldades Bíblicas

Os críticos afirmam que a Bíblia está cheia de erros. Alguns falam, até mesmo, em milhares de erros. A verdade é que não há nem mesmo um só erro no texto original da Bíblia que tenha sido demonstrado. Isso não quer dizer que não haja dificuldades em nossas Bíblias. Dificuldades há, e é delas que este livro vai tratar. Seu propósito é mostrar que não há realmente erros nas Escrituras. Por quê? Porque a Bíblia é a Palavra de Deus, e Deus não pode errar. Vamos raciocinar. Vamos tratar isto de uma forma lógica examinando as premissas:

Deus não pode errar


A Bíblia é a Palavra de Deus


Portanto, a Bíblia está isenta de erros
Como qualquer estudante de lógica sabe, este é um silogismo (uma forma de raciocínio) válido. Assim, se as premissas são verdadeiras, as conclusões também são verdadeiras. Como vamos mostrar, a Bíblia declara sem rodeios ser a Palavra de Deus. Ela nos informa também que Deus não pode errar. A conclusão, então, é inevitável: a Bíblia está isenta de erros. Se ela estivesse errada em qualquer coisa que afirma, então Deus teria cometido um erro. Mas Deus não pode cometer erros.

Deus Não Pode Cometer Erros
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As Escrituras declaram enfaticamente que "é impossível que Deus minta" (Hb 6:18). Paulo fala do "Deus que não pode mentir" (Tt 1:2). Ele é um Deus que, mesmo que não sejamos fiéis, "permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo" (2 Tm 2:13). Deus é a verdade (Jo 14:6) e assim também é a Palavra dele. Jesus disse ao Pai: "a tua Palavra é a verdade" (Jo 17:17). O salmista exclamou: "As tuas palavras são em tudo verdade" (SI 119:160).

A Bíblia é a Palavra de Deus
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Jesus referiu-se ao AT como sendo a "Palavra de Deus", que "não pode falhar" (Jo 10:35). Ele disse: "até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5:18). Paulo acrescentou: "Toda a Escritura é inspirada por Deus" (2 Tm 3:16). Ela veio "da boca de Deus" (Mt 4:4). Embora tenham sido homens aqueles que escreveram as mensagens, "nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1:21).

Jesus disse aos líderes religiosos de seus dias que eles vinham "invalidando a palavra de Deus" pela sua própria tradição (Mc 7:13). Jesus chamou-lhes a atenção para a Palavra de Deus escrita quando repetidamente afirmou: "Está escrito ... está escrito ... está escrito ..." (Mt 4:4, 7,10). Esta frase aparece mais de noventa vezes no NT. É uma forte indicação da autoridade divina da Palavra de Deus escrita.

Dando ênfase à natureza inerrante da verdade de Deus, o apóstolo Paulo referiu-se às Escrituras como "a palavra de Deus" (Rm 9:6). O autor de Hebreus declarou que "a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4:12).

Conclusão Lógica: A Bíblia é Isenta de Erros
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Sim, Deus falou, e ele não titubeou. O Deus da verdade nos deu a Palavra da Verdade, e ela não contém inverdade alguma. A Bíblia é a inerrante Palavra de Deus.

Pode-se Confiar na Bíblia em Questões de Ciência e de História?
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Alguns têm sugerido que as Escrituras sempre podem ser confiáveis em questões de ordem moral, mas que nem sempre são corretas em questões históricas. Eles confiam na Bíblia no campo espiritual, mas não na esfera da ciência. Se isso fosse verdade, entretanto, negaria a autoridade divina da Bíblia, já que o espiritual, o histórico e o científico então freqüentemente Interligados.

Um cuidadoso exame das Escrituras revela-nos que as verdades científicas (fatuais) e as espirituais são muitas vezes inseparáveis. Por exemplo, não se pode separar a verdade espiritual da ressurreição de Cristo do fato de que o seu corpo deixou para sempre vazio o seu túmulo e que depois ele apareceu fisicamente (Mt 28:6; 1 Co 15:13-19).

Da mesma forma, se Jesus não tivesse nascido de uma mulher biologicamente virgem, então ele não seria diferente do resto da humanidade, sobre quem recai o estigma do pecado de Adão (Rm 5:12). Também a morte de Cristo por nossos pecados não pode ser separada do fato de que ele derramou literalmente o seu sangue na cruz, pois "sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hb 9:22).

A existência e a queda de Adão tampouco podem ser um mito. Se não tivesse havido literalmente um Adão, e se não tivesse havido de fato a queda, então o ensino espiritual quanto ao pecado herdado e quanto à morte física, dele decorrente, estaria errado (Rm 5:12). A realidade histórica e a doutrina teológica juntas permanecem ou juntas caem por terra.

Além disso, a doutrina da encarnação é inseparável da verdade histórica de Jesus de Nazaré (Jo 1:1,14). E ainda, o ensino de caráter moral de Jesus quanto ao casamento baseou-se no que ele ensinou quando disse que Deus juntou literalmente um Adão e uma Eva em matrimônio (Mt 19:4-5). Em cada um destes casos, o ensino moral e o teológico perdem totalmente o sentido se desconsiderado o evento histórico e fatual. Negando-se que aquele evento ocorreu literalmente no tempo e no espaço, fica-se então sem uma base para crer na doutrina bíblica construída sobre ele.

Com freqüência, Jesus comparou eventos do AT diretamente com importantes verdades espirituais. Por exemplo, ele relacionou sua morte e ressurreição com Jonas e o grande peixe (Mt 12:40). Da mesma forma, sua segunda vinda foi comparada com os dias de Noé (Mt 24:37-39). Tanto as circunstâncias como as características de tais comparações deixam claro que Jesus estava afirmando que aqueles eventos foram fatos históricos, que realmente aconteceram. De fato, Jesus afirmou a Nicodemos: "Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (Jo 3:12). Em resumo, se a Bíblia não falasse com verdade a respeito do mundo físico, então ela não poderia ser digna de confiança ao referir-se ao mundo espiritual. Os dois mundos acham-se intimamente relacionados.

A inspiração inclui não apenas tudo o que a Bíblia explicitamente ensina, mas inclui também tudo a que ela se refere. Isso é verdade quando a Bíblia se reporta à história, à ciência ou à matemática. Tudo o que a Bíblia declara é verdadeiro - podendo der tanto um ponto de maior como também de menor importância. A Bíblia é a Palavra de Deus, e Ele não se desvia da verdade em nenhum momento. Todas as partes das Escrituras são verdadeiras, assim como o todo que elas formam.

Se é Inspirada, é Inerrante
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A inerrância é uma decorrência lógica da inspiração. Porque inerrância significa verdade total, sem erros. E o que Deus profere (inspira) tem de ser completamente verdadeiro e sem erros (inerrante). Contudo, convém especificar com maior clareza o que significa "verdade" e o que constitui um "erro".

Verdade significa aquilo que corresponde à realidade. Um erro, então, é o que não corresponde à realidade. A verdade é dizer o que de fato é. Um erro é não dizer o que é. Consequentemente, nenhuma coisa errada pode ser verdadeira, mesmo que o autor pretendesse que o seu erro fosse algo verdadeiro. Um erro é um erro, não simplesmente alguma coisa que nos faça errar. De outro modo, toda expressão sincera poderia ser considerada verdadeira ainda que se tratasse de um erro grosseiro. Da mesma forma, algo não é verdadeiro simplesmente porque realiza o propósito que havia sido estabelecido, já que muitas mentiras são bem-sucedidas.

A Bíblia vê claramente a verdade como aquilo que corresponde à realidade. O erro é entendido como sendo uma falta de correspondência à realidade, não como algo causado intencionalmente. Isso é evidente pelo fato de que a palavra "erro" é usada no caso de erros não-Intencionais (Lv 4:2). Na Bíblia inteira está implícita a visão de que a verdade baseia-se numa correspondência entre duas coisas. Por exemplo, quando os Dez Mandamentos declaram: "Não dirás falso testemunho" (Êx 20:16) significa que deturpar fatos está errado. Este mesmo conceito de verdade foi usado quando os judeus foram ao governador para falar a respeito de Paulo: "Tu mesmo, examinando-o, poderás tomar conhecimento de todas as coisas de que nós o acusamos". E, ao fazer isso, é como se eles estivessem dizendo: "É verdade, tu podes facilmente verificar os fatos" (cf. At 24:8).

Foi assim que Deus disse?
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Naturalmente, toda vez que Deus tornou a verdade bem clara, a estratégia de Satanás foi lançar dúvidas sobre ela. Sempre que Deus falou com autoridade, o diabo desejou solapá-la. "Será que Deus disse isso?", ele fala com escárnio (cf. Gn 3:1). Esta confusão, com freqüência, acontece da seguinte maneira: A Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada de alguma forma, mas é também constituída de palavras humanas. Ela teve autores humanos, e "errar é humano". Daí, temos de esperar haver alguns erros na Bíblia... Por aí vai esse argumento. Em resumo, a verdade clara e simples de Deus acaba sendo confundida com a mentira de Satanás, o senhor das mentiras (Jo 8:44).

Vamos analisar o que há de errado nesta argumentação. Uma simples analogia nos ajudará. Considere o seguinte raciocínio que, por ser paralelo àquele, é igualmente falho:

1. Jesus era um ser humano.

2. Os seres humanos pecam.

3. Logo, Jesus pecou.
Qualquer estudante da Bíblia sabe de imediato que esta conclusão é falsa. Jesus foi um homem "sem pecado" (Hb 4:15). Ele "não conheceu pecado" (2 Co 5:21). Ele foi um "cordeiro sem defeito e sem mácula" (1 Pe 1:19). Como João disse a respeito de Jesus: "ele é puro" e "justo" (1 Jo 3:3; 2:1). Mas, se Jesus nunca pecou, então o que está errado no argumento acima, de que Jesus era humano, de que OS homens pecam e de que, portanto, Jesus pecou? Onde é que a lógica se perde?

O erro está em se assumir que Jesus era como qualquer outro ser humano. Com certeza, meros seres humanos pecam. Mas Jesus não foi um mero ser humano. Ele foi um ser humano perfeito. De fato, Jesus não era apenas humano, mas ele era também Deus. Da mesma forma, a Bíblia não é meramente um livro humano. Ela é também a Palavra de Deus. Como Jesus, ela é tanto divina como humana. E da mesma forma como Jesus era humano, mas não pecou, também a Bíblia é um livro humano, mas sem erros. Tanto a Palavra viva de Deus (Cristo) como a sua Palavra escrita (as Escrituras) são igualmente humanas, mas sem erros. A Palavra viva e a Palavra escrita são também divinas, e não podem conter erros. Não pode haver erros na Palavra de Deus escrita, como não houve pecado algum na Palavra de Deus viva. É impossível Deus errar, e ponto final.

Há Dificuldades na Bíblia? Sim!
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Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia, como Agostinho observou com sabedoria: "Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito" . Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens.

A Bíblia é isenta de erros, mas os que a criticam não são. Todas as alegações feitas nesse sentido baseiam-se em erros cometidos pelos próprios críticos. Tais erros enquadram-se numa das seguintes principais categorias:

Erro Número 1: Assumir que o que Não foi Explicado Seja Inexplicável
Concursos
Nenhuma pessoa instruída alegaria ser capaz de explicar completamente todas as dificuldades bíblicas. Contudo, é um erro o crítico pressupor que o que não foi ainda explicado nunca o será. Quando um cientista se depara com uma anomalia na natureza, ele não desiste de fazer cuidadosos exames científicos adicionais. Pelo contrário, ele faz uso daquilo que não foi explicado como uma motivação para descobrir uma explicação. Nenhum cientista verdadeiro desiste de seu trabalho, em desespero, simplesmente porque não consegue explicar um dado fenômeno. Ele continua a fazer pesquisas com a confiante expectativa de encontrar uma resposta. E a história da ciência tem revelado que tal fé tem sido recompensada.

Houve épocas em que os cientistas, por exemplo, não tinham explicação para fenômenos naturais como os meteoros, os eclipses, os tornados, os furacões e os terremotos. Todos esses mistérios, porém, renderam os seus segredos à inabalável perseverança da ciência. Os cientistas ainda não sabem como a vida pode ocorrer em descargas térmicas nas profundezas do mar, mas nenhum deles se dá por vencido e grita: "é uma contradição!"

Da mesma forma, os eruditos cristãos pressupõem que o que até hoje não foi explicado na Bíblia não é, por isso, inexplicável. Não consideram que discrepâncias sejam contradições. E, quando encontram algo que não podem explicar, continuam pesquisando na certeza de que algum dia encontrarão a resposta. Com efeito, se tivessem uma postura contrária a esta, parariam de estudar.

Por que ir em busca de uma resposta, quando se pressupõe que ela não exista? Tal como o cientista, aquele que estuda a Bíblia tem sido recompensado em sua fé e pesquisa, pois muitas dificuldades para as quais os eruditos não tinham explicação já foram superadas através da história, da arqueologia, da lingüística e de outras disciplinas. Os críticos, por exemplo, um dia afirmaram que Moisés não poderia ter escrito os cinco primeiros livros da Bíblia porque a escrita ainda não existia na época dele. Agora sabemos que a escrita já existia alguns milhares de anos antes de Moisés.

De igual forma, os críticos um dia acreditaram que a Bíblia estivesse errada ao falar dos hititas (ou heteus), já que esse povo era totalmente desconhecido dos historiadores. Sua existência, porém, foi comprovada pela descoberta, na Turquia, de uma biblioteca hitita. Esses fatos nos levam a crer que as dificuldades bíblicas ainda não resolvidas certamente são explicáveis e que, portanto, não há que se presumir que existam erros na Bíblia.

Erro Número 2: Presumir que a Bíblia é Culpada, até que Prove o Contrário
Apenas nao pode
Muitos críticos presumem que a Bíblia está errada, até que algo venha provar que ela está certa. Contudo, como acontece com qualquer cidadão acusado de um crime, a Bíblia deve ser tida como "inocente", até que haja a prova da culpa. Isso não é querer dar-lhe nenhum tratamento especial; essa é a forma pela qual todos os relacionamentos humanos são feitos. Se assim não fosse, a vida não séria possível. Por exemplo, se presumíssemos que a sinalização de trânsito nas rodovias ou na cidade não fosse verdadeira, então provavelmente estaríamos mortos antes de poder provar o contrário.

De igual modo, se presumíssemos que os rótulos nas embalagens de alimentos fossem enganosos até prova em contrário, teríamos então de abrir todas as latas e pacotes antes de comprá-los. E o que dizer se presumíssemos que todos os números no nosso dinheiro estivessem errados? E se achássemos que estariam erradas todas as placas nas portas dos sanitários públicos, que indicam o sexo a que se destinam?! Bem, isto já é o bastante.

Temos de presumir que a Bíblia, como qualquer outro livro, está nos dizendo o que os autores disseram e ouviram. As críticas negativas da Bíblia partem de um pressuposto contrário a este. Não é de se admirar, então, que concluam que a Bíblia está crivada de erros.


Erro Número 3: Confundir as nossas Falíveis Interpretações com a Infalível Revelação de Deus
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Jesus afirmou que "a Escritura não pode falhar" (Jo 10:35). Sendo um livro infalível, a Bíblia é também irrevogável. Jesus declarou: "Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5:18, cf. Lc 16:17). As Escrituras têm ainda a autoridade final, sendo a última palavra acerca de tudo que ela aborda. Jesus valeu-se da Bíblia para resistir ao tentador (Mt4:4,7,10); para resolver discussões doutrinárias (Mt 21:42); e para sustentar a sua autoridade (Mc 11:17).

Às vezes um ensinamento bíblico apóia-se num pequeno detalhe histórico (Hb 7:4-10), numa palavra ou numa frase (At 15:13-17), ou mesmo na diferença entre o singular e o plural (Gl 3:16). Mas, conquanto a Bíblia seja infalível, as interpretações humanas não o são. A Bíblia não pode estar errada, mas nós podemos estar errados quanto a alguma coisa dela. O significado da Bíblia nunca muda, mas a nossa compreensão pode mudar.

Os seres humanos são finitos, e seres finitos cometem erros. É por isso que há borrachas para lápis, corretores líquidos para textos datilografados, e uma tecla "apaga" nos computadores. E muito embora a Palavra de Deus seja perfeita (Sl 19:7), enquanto existirem seres humanos imperfeitos, haverá erros de interpretação das Escrituras e falsos pontos de vista deles decorrentes.

Em vista disso, não devemos nos apressar em considerar que um determinado preceito científico hoje amplamente aceito seja a palavra final acerca do ponto em questão. Teorias que foram predominantemente aceitas no passado são consideradas incorretas por cientistas do presente. Dessa forma, é de se esperar que haja contradições entre opiniões populares sobre questões científicas e as interpretações da Bíblia amplamente aceitas.

Isso, porém, não consegue provar que há uma real contradição entre o mundo de Deus e a Palavra de Deus, entre a revelação geral de Deus e a sua revelação especial. Nesse sentido básico, a ciência e as Escrituras não estão em contradição. Somente as opiniões humanas, finitas e falíveis acerca da ciência e das Escrituras é que podem entrar em contradição.


Erro Número 4: Falhar na Compreensão do Contexto da Passagem
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Talvez o erro mais comum dos críticos seja o de tirar um texto de seu próprio contexto. Como diz o adágio: "um texto fora de contexto é simplesmente um pretexto". Tudo se pode provar, a partir da Bíblia, por meio desse procedimento errôneo. A Bíblia diz: "Não há Deus" (SI 14:1). É claro, que o contexto é: "Diz o insensato no seu coração: 'Não há Deus'". Alguém poderá afirmar que Jesus nos advertiu: "não resistais ao perverso" (Mt 5:39), mas o contexto anti-retaliatório em que ele lança esta proposição não deve ser ignorado. Assim também muitos não compreendem corretamente o contexto da afirmativa de Jesus, quando ele disse: "Dá a quem te pede" (Mt 5:42), como se tivéssemos a obrigação de dar uma arma a uma criancinha que nos pedisse, ou de dar armamentos atômicos a Saddam Hussein simplesmente por ele ter pedido.

O erro de não observar que o significado é determinado pelo contexto é, talvez, o principal pecado daqueles que encontram erros na Bíblia, como os comentários de numerosas passagens bíblicas neste livro vão ilustrar.

Erro Número 5: Deixar de Interpretar Passagens Difíceis à Luz das que são Claras

Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem obscuras. Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo contrário ao que uma outra parte da Escritura ensina com clareza. Por exemplo, Tiago parece estar dizendo que a salvação é pelas obras (Tg 2:14-26), ao passo que Paulo ensinou com toda a clareza que é pela graça (Rm 4:5; Tt 3:5-7; Ef 2:8-9). Neste caso, Tiago não deve ser interpretado de maneira a contradizer Paulo. O apóstolo Paulo está falando da justificação perante Deus (o que é pela fé somente), ao passo que Tiago está se referindo à justificação perante os homens (que não têm como ver a nossa fé, mas somente as nossas obras).

Um outro exemplo encontra-se em Filipenses 2:12, em que Paulo diz: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor". Aparentemente isto parece estar dizendo que a salvação é pelas obras. Contudo, inúmeras passagens das Escrituras claramente contradizem tal idéia, pois afirmam: "salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8-9); "ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Rm 4:5); "não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, [é que] ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" (Tt 3:5).

Quando esta frase de difícil compreensão - "desenvolvei a vossa salvação" - é entendida à luz dessas passagens tão claras, podemos ver que, qualquer que seja o significado dela, uma coisa é certa: ela não significa que somos salvos pelas obras. De fato, o seu significado é encontrado precisamente no versículo seguinte. Temos de desenvolver a nossa salvação porque a graça de Deus tem operado em nosso coração. Nas próprias palavras de Paulo: "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13).

Erro Número 6: Basear um Ensino numa Passagem Obscura
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Algumas passagens da Bíblia são difíceis porque o seu significado é obscuro. Isso ocorre geralmente porque uma palavra-chave do texto é empregada uma só vez (ou raramente), e então fica difícil saber o que o autor está dizendo, a menos que seja possível deduzir o sentido pelo contexto. Por exemplo, uma das passagens mais conhecidas da Bíblia contém uma palavra que não aparece em lugar algum, em toda a literatura grega disponível até o tempo em que o NT foi escrito. Esta palavra aparece no que comumente é conhecido como a "Oração do Senhor" (Mt 6:11). Geralmente a tradução que temos é "o pão nosso de cada dia dá-nos hoje". A palavra em questão é a que é traduzida por "de cada dia", ou seja, o vocábulo grego epiousion. Os estudiosos do grego ainda não entraram em acordo quanto à sua origem ou quanto ao seu exato sentido. Diferentes comentaristas têm tentado estabelecer elos com palavras gregas que são bem conhecidas, e muitas sugestões têm sido propostas quanto ao seu significado. Entre tais sugestões, temos:

"Nosso pão incessante dá-nos hoje."


"Nosso pão sobrenatural (indicando um pão espiritual, do céu) dá-nos hoje."


"O pão para o nosso sustento dá-nos hoje."


"O pão nosso de cada dia (ou, o que necessitamos para hoje) dá-nos hoje."
Cada uma destas propostas tem seus defensores; cada uma faz sentido dentro do contexto, e cada uma é uma possibilidade, tendo-se por base a limitada informação disponível. Parece não haver nenhuma razão que nos force a deixarmos aquela que tem sido a tradução normalmente aceita, mas este exemplo serve muito bem para ilustrar o ponto em questão. Algumas passagens da Bíblia são difíceis de se entender porque uma dada palavra-chave aparece uma só vez, ou com muita raridade.

Outras vezes as palavras podem estar claras, mas o significado não é evidente porque não sabemos ao certo a que elas se referem. Isso se dá em 1 Co 15:29, onde Paulo fala sobre os que se batizavam pelos mortos. Será que ele estava se referindo ao batismo de pessoas vivas, representando pessoas mortas que não tinham sido batizadas, e assim assegurando-lhes a salvação (como dizem os mórmons)? Ou será que ele está se referindo aos que, sendo batizados, entram na igreja para preencher o lugar dos que partiram? Ou ainda, não seria o caso de ele estar referindo-se aos crentes sendo batizados "pelos mortos" no sentido de "suas próprias mortes, sendo enterrados com Cristo"? Ou, quem sabe, poderia estar dizendo alguma outra coisa?

Quando não temos certeza, então temos de ter em mente algumas coisas. Primeiro, não devemos construir uma doutrina com base numa passagem obscura. A regra prática na interpretação bíblica é: "as coisas principais são as coisas claras, e as coisas claras são as coisas principais". Chamamos a isso de perspicuidade (clareza) das Escrituras. Se algo for importante, isso será ensinado nas Escrituras de forma bem clara, provavelmente em mais de um lugar.

Segundo, quando uma dada passagem não está clara, não devemos nunca supor que ela esteja ensinando o contrário do que uma outra parte nos ensina com muita clareza. Deus não comete erros na sua Palavra; mas nós podemos cometer erros ao tentarmos interpretá-la.


Erro Número 7: Esquecer-se de que a Bíblia é um Livro Humano, com Características Humanas
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Exceto pequenas seções, tal como os Dez Mandamentos, que foram escritos "pelo dedo de Deus" (Êx 31:18), a Bíblia não foi verbalmente ditada. Seus escritores não foram secretários do Espírito Santo. Eles foram autores humanos, que empregaram estilos literários próprios, com suas próprias idiossincrasias, ou seja, com o seu jeito de ver as coisas. Esses autores humanos às vezes tomaram informações de fontes humanas para o que escreveram (Js 10:13; At 17:28; 1 Co 15:33; Tt 1:12). De fato, cada livro da Bíblia é uma composição feita por um escritor humano; foram cerca de quarenta autores.

A Bíblia evidencia também estilos literários humanos diferentes; da métrica melancólica de Lamentações até a exaltada poesia de Isaías; da gramática elementar de João ao complexo grego do livro de Hebreus. As Escrituras manifestam ainda perspectivas humanas. No Salmo 23, Davi falou do ponto de vista de um pastor. Os livros de Reis foram escritos tendo uma abordagem profética, e Crônicas, a partir de um ponto de vista sacerdotal. Atos manifesta um enfoque histórico, e 2 Timóteo, o coração de um pastor.

Os escritores bíblicos escreveram sob a perspectiva de um observador quando se referiram ao nascer do sol (Js 1:15) ou ao pôr-do-sol. Eles também revelam padrões humanos de pensamento, inclusive lapsos de memória (1 Co 1:14-16), bem como emoções humanas (Gl 4:14). A Bíblia revela interesses humanos específicos. Por exemplo, Oséias possuía um interesse rural, Lucas, uma preocupação médica, e Tiago, um amor pela natureza.

Como Cristo, a Bíblia é completamente humana, mas mesmo assim sem erros. Esquecer-se da humanidade das Escrituras pode levar-nos a impugnar falsamente sua integridade por esperarmos um nível de expressão maior do que é o usual num documento humano. Isso vai ficar mais claro quando abordarmos os próximos erros em que incidem os críticos.

Erro Número 8: Assumir que um Relato Parcial seja um Relato Falso
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Com freqüência, os críticos tiram conclusões precipitadas com respeito a um relato parcial, tomando-o como falso. Entretanto, não é bem assim. Do contrário, quase tudo o que se tenha dito seria falso, já que poucas vezes há tempo e espaço suficientes para uma abordagem completa.

Ocasionalmente, a Bíblia expressa a mesma coisa de diferentes modos, ou pelo menos de diferentes pontos de vista, em tempos distintos. Portanto, a inspiração não exclui diversidade de expressão. Cada um dos quatro autores do Evangelho relata a mesma história de uma maneira diferente, para um grupo diferente de pessoas, e às vezes citam o mesmo incidente com palavras diferentes. Compare, por exemplo, aquela famosa confissão de Pedro no Evangelho segundo:

Mateus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (16:16).
 
Marcos: "Tu és o Cristo" (8:29).

Lucas: "És o Cristo de Deus" (9:20).

Até mesmo os Dez Mandamentos, os quais foram escritos "com o dedo de Deus" (Dt 9:10), quando entregues, pela segunda vez, apresentam-se com variações (compare Êx 20:8-11 com Dt 5:12-15). Há muitas diferenças entre os livros de Reis e de Crônicas nas descrições que eles fazem dos mesmos eventos; contudo, não incidem em nenhuma contradição nos acontecimentos que narram. Se expressões assim tão importantes puderam ser feitas de maneiras diferentes, então não há por que o restante das Escrituras ter de expressar a verdade apenas de uma forma literal e inflexível em sua abordagem.

Erro Número 9: Exigir que as Citações do Antigo Testamento Feitas no Novo Testamento Sejam Sempre Exatas
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Os críticos com freqüência apontam para as variações ocorridas quando o NT cita passagens do AT, como provas de erro. Entretanto, se esquecem de que uma citação não tem de ser uma repetição exata do que está escrito. Era então, como é hoje, perfeitamente aceitável o estilo literário que dá a essência de uma afirmação ou pensamento, sem que se empregue precisamente as mesmas palavras. Um mesmo significado pode ser transmitido sem o uso das mesmas expressões verbais.

As variações que ocorrem nas citações de textos do AT feitas no NT enquadram-se em diferentes categorias. Às vezes é outra pessoa que está falando. Por exemplo, Zacarias registra que o Senhor está dizendo: "olharão para mim, a quem traspassaram" (Zc 12:10). Quando isto é citado no NT, é João - e não Deus - que está falando: "verão aquele a quem traspassaram" (Jo 19:37).

Outras vezes os escritores do NT citam apenas uma parte do texto do AT. Jesus fez isso quando esteve na sinagoga da cidade de Nazaré (Lc 4:18-19/ citando li 61:1-2). De fato, ele parou no meio de uma sentença. Se tivesse ido mais além, Jesus não poderia ter dito o que disse em seguida: "Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir" (v. 21). É que, precisamente, a continuação daquela frase - "e o dia da vingança do nosso Deus" - é uma referência à sua segunda vinda.

Algumas vezes, o NT parafraseia ou resume um texto do AT (por exemplo, Mt 2:6). Outras vezes, mistura dois textos em um (Mt 27:9-10). Ocasionalmente, uma verdade geral é mencionada sem a citação de um texto específico. Por exemplo, Mateus diz que Jesus mudou-se para Nazaré "para que se cumprisse o que fora dito, por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno" (Mt 2:23). Note que Mateus não cita um determinado profeta, mas sim "profetas" em geral, de modo que seria inútil insistir na procura de um determinado texto do AT em que esta profecia fosse encontrada.

Também há momentos em que o NT aplica um texto de um modo diferente em relação ao AT. Por exemplo, Oséias aplica "do Egito chamei o meu filho" à nação messiânica e Mateus, ao produto daquela nação, o Messias (Mt 2:15 e Os 11:1). Em caso algum, porém, o NT interpreta de forma errada ou não aplica corretamente o AT, nem ainda tira qualquer conclusão do que não esteja presente naquele texto. Em resumo, o NT não comete erros quando cita o AT, como acontece quando os críticos citam o NT.


Erro Número 10: Assumir que Diferentes Narrações Sejam Falsas

Pelo simples fato de divergirem entre si duas ou mais narrações do mesmo acontecimento, isso não significa que elas sejam mutuamente exclusivas. Por exemplo, Mateus (28:5) diz que havia um anjo junto ao túmulo de Jesus depois da ressurreição, ao passo que João nos informa de que havia dois (20:12). Não há, porém, nenhuma contradição. De fato, há uma infalível regra matemática que facilmente explica este problema: onde quer que haja dois, sempre há um - e nisso não existe erro! Mateus não diz que havia apenas um anjo. É necessário acrescentar a palavra "apenas" no registro dele para fazê-lo entrar em contradição com o de João. Mas, se o crítico vem até a Bíblia para mostrar os erros dela, então o erro não está na Bíblia, mas sim no crítico.

De igual forma, Mateus (27:5) nos informa de que Judas enforcou-se. Mas Lucas diz que Judas, "precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram" (At 1:18). Uma vez mais, estes dois relatos diferem entre si, mas não são mutuamente exclusivos. Se Judas enforcou-se numa árvore à beira de um penhasco, e se o seu corpo caiu em pontudas rochas embaixo, então suas entranhas se derramaram para fora, da maneira como tão bem Lucas descreve.

Erro Número 11: Presumir que a Bíblia Aprova Tudo o que Ela Registra
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É um erro admitir que tudo o que a Bíblia contém seja recomendado por ela. Toda a Bíblia é verdadeira (Jo 17:17), mas ela registra algumas mentiras, como por exemplo as de Satanás (Gn 3:4; conforme Jo 8:44) e a de Raabe (Js 2:4). A inspiração está sobre toda a Bíblia de forma tão completa e abrangente que ela registra com exatidão e verdade até mesmo as mentiras e os erros dos que pecaram. A verdade, na Bíblia, encontra-se no que ela revela, não em tudo que ela registra. Sem que se faça esta distinção, pode-se concluir de maneira errada que a Bíblia ensina imoralidade, porque ela narra o pecado de Davi (2 Sm 11:4); ou que ela promove a poligamia, porque registra o caso de Salomão (1 Rs 11:3); ou que ela ensina o ateísmo, por citar o tolo que diz: "não há Deus" (Sl 14:1).


Erro Número 12: Esquecer-se de que a Bíblia faz Uso de uma Linguagem Comum, Não-Técnica
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Para que algo seja verdadeiro, não é necessário fazer uso de uma linguagem erudita, técnica ou, assim chamada, "científica". A Bíblia foi escrita para pessoas comuns de todas as gerações, e, portanto, emprega a linguagem comum, do dia-a-dia. Que uso de uma linguagem não-científica não vai de encontro à ciência, pois ela é anterior à ciência. As Escrituras foram escritas em tempos antigos, com padrões antigos, e seria algo anacrônico impor sobre elas padrões científicos modernos. Contudo, não é menos científico falar que "o sol se deteve" (Js 10:13) do que se referir ao "nascer do sol" (Js 1:15). Ainda hoje os meteorologistas mencionam todo dia sobre a hora do "nascer" e do "pôr-do-sol".


Erro Número 13: Considerar que Números Arredondados Sejam Errados
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Outro engano algumas vezes cometido pelos críticos é quando eles alegam que há erro em números que foram arredondados. Não é assim. Números arredondados são apenas isso: números arredondados. Como ocorre no linguajar comum, a Bíblia faz uso de números arredondados (1 Cr 19:18; 21:5). Por exemplo, quando se referiu ao diâmetro como sendo cerca de um terço da circunferência. Do ponto de vista da sociedade tecnológica atual, pode ser impreciso tomar como sendo três o que é na realidade 3,14159265..., o que não é incorreto para um povo antigo, vivendo numa era não-tecnológica. Três é o arredondamento do número "pi". Isso é o suficiente para o "mar de fundição" (2 Cr 4:2), na medida de um antigo templo hebreu, embora esta precisão não seja, hoje em dia, suficiente para os cálculos feitos por um computador, num foguete moderno. Mas não temos de esperar precisão científica numa era pré-cientifica. De fato, isso seria tão anacrônico como usar um relógio de pulso numa peça de Shakespeare.


Erro Número 14: Não Observar que a Bíblia faz Uso de Diferentes Recursos Literários
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Um livro inspirado não precisa ser composto em um único estilo literário. Foram seres humanos que escreveram os livros da Bíblia, e a linguagem humana não se limita a uma única forma de expressão. Assim, não há por que supor que apenas uma forma de expressão ou apenas um gênero literário tenha de ter sido empregado num livro divinamente inspirado.

A Bíblia revela muitos recursos literários. Vários de seus livros acham-se inteiramente escritos no estilo poético (por exemplo, Jó, Salmos, Provérbios). Os Evangelhos sinóticos estão cheios de parábolas. Em Gálatas 4, Paulo faz uso de uma alegoria. No NT acham-se muitas metáforas (por exemplo, 2 Co 3:2-3, Tg 3:6), e comparações (Mt20:l; Tg 1:6); há também (por exemplo, Cl 1:23; Jo 21:25; 2 Co 3:2) e, até mesmo, figuras poéticas (Jó 41:1). Jesus empregou a sátira (Mt 19:24, 23:24). Figuras de linguagem são comuns por toda a Bíblia.

Não constitui erro o autor bíblico fazer uso de uma figura de linguagem, mas é errado tomar uma figura de linguagem de forma literal. Obviamente, quando a Bíblia fala do crente que se acolhe à sombra das "asas" de Deus (Sl 36:7), isso não quer dizer que Deus seja uma ave com uma bela plumagem. De igual modo, quando a Bíblia fala que Deus "desperta" (Sl 44:23), como se ele estivesse dormindo, trata-se de uma figura de linguagem que indica a inatividade de Deus antes de ele ser levado a exercer o juízo pelo pecado humano. Temos de ter todo o cuidado na leitura das figuras de linguagem nas Escrituras.


Erro Número 15: Esquecer-se de que Somente o Texto Original é Isento de Erros, e não Qualquer Cópia das Escrituras
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Quando os críticos descobrem um genuíno erro numa cópia (manuscrito) cometem outro erro fatal. Eles assumem que o erro se encontra também no texto original das Escrituras, no texto inspirado. Esquecem-se de que Deus proferiu o texto original das Escrituras, não as cópias. Portanto, somente o texto original é isento de erros. A inspiração não garante que toda cópia do original fique sem erros. Portanto, temos de levar em conta que pequenos erros podem ser encontrados em alguns manuscritos, que são cópias do texto original. Mas, de novo, como Agostinho com sabedoria observou, quando nos deparamos com um, assim chamado, "erro" na Bíblia, temos de admitir uma entre duas alternativas: ou o manuscrito não foi copiado corretamente, ou não entendemos as Escrituras direito. O que não podemos pressupor é que Deus tenha cometido um erro na inspiração do texto original.

Embora as atuais cópias das Escrituras sejam muito boas, elas também não estão isentas de erros. Por exemplo, 2 Reis 8:26 dá a idade de Acazias como sendo 22 anos, ao passo que 2 Crônicas 22:2 registra 42 anos.* Este segundo número não pode estar correto, pois implicaria que Acazias fosse mais velho do que o seu pai. Obviamente, trata-se de um erro do copista, mas isso não altera a inerrância do original.

Algumas coisas temos de observar com respeito aos erros dos copistas. Em primeiro lugar, são erros feitos nas cópias, e não no original. Jamais alguém encontrou um original com um erro. Em segundo lugar, são erros de menor importância (com freqüência, em nomes e em números), que não afetam nenhuma doutrina da fé cristã. Em terceiro lugar, esses erros dos copistas são relativamente em pequeno número como será demonstrado por todo o resto deste livro. Em quarto lugar, geralmente, pelo contexto ou por outro texto das Escrituras, podemos saber qual passagem incorre em erro.
Por exemplo, no caso acima, a idade certa de Acazias é 22, e não 42, já que ele não poderia ser mais velho do que o seu pai.

Finalmente, muito embora possa haver um erro de cópia, a mensagem inteira ainda assim é perfeitamente entendida. Nesses casos, a validade da mensagem não se altera. Por exemplo, se você recebesse uma carta como esta, você não entenderia a mensagem por completo? E você não iria correndo atrás do seu dinheiro?

"#ocê foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador
da importância de cinco milhões de reais."

Mesmo havendo um erro na primeira palavra, a mensagem inteira é compreensível - você possui mais cinco milhões! E se no dia seguinte você recebesse mais uma carta, com os seguintes dizeres, aí é que você teria ainda mais certeza:
"V#cê foi contemplado no sorteio tal e tal e é o ganhador
da importância de cinco milhões de reais."

Na verdade, quanto mais erros deste tipo houver (cada um num lugar diferente), tanto mais certo você estará com respeito à mensagem original. É por isso que os erros dos escribas nos manuscritos bíblicos não afetam a mensagem básica da Bíblia. Assim, na prática, por mais imperfeições que haja nos manuscritos utilizados, a Bíblia que temos em nossas mãos transmite a verdade completa da original Palavra de Deus.

Erro Número 16: Confundir Afirmações Gerais com Universais
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Com freqüência, os críticos rapidamente chegam à conclusão de que afirmações que não mencionam restrições não admitem exceções. Apoderam-se de versículos que apresentam verdades gerais e então regozijam-se em mostrar óbvias exceções. Ao fazerem isso, se esquecem de que tais afirmações foram feitas com a intenção de serem generalizações.

O livro de Provérbios é um bom exemplo de casos assim. Dizeres proverbiais, por sua própria natureza, dão-nos apenas uma direção, e não uma certeza aplicável a todos os casos. São regras para a vida, mas regras que admitem exceções. Provérbios 16:7 é um desses casos. A afirmação é: "Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos". Isto obviamente não tinha a intenção de ser uma verdade universal. Paulo era agradável ao Senhor, e seus inimigos o apedrejaram (At 14:19). Jesus foi agradável ao Senhor, e seus inimigos o crucificaram! Não obstante, esta é uma regra geral: aquele que vive de modo a agradar ao Senhor poderá minimizar o antagonismo de seus inimigos.

Outro exemplo de uma verdade geral é Provérbios 22:6: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele". Entretanto, outras passagens da Bíblia nos mostram que isto nem sempre é verdade. De fato, alguns homens piedosos na Bíblia (inclusive Jó, Eli e Davi) tiveram filhos perversos. Este provérbio não contradiz a experiência por ser um princípio geral, que se aplica de maneira geral, mas que permite exceções em casos isolados. Os provérbios não têm a característica de ser garantias absolutas. Antes, eles expressam verdades que nos proporcionam conselhos e direções úteis, que cada um de nós deve aplicar à própria vida, a cada dia.

Não passa de um simples erro presumir que a sabedoria de um provérbio seja sempre uma verdade universal. Os provérbios são sabedoria (direções gerais), não leis (imperativos com aplicação universal). Quando a Bíblia declara "...vós sereis santos, porque eu sou santo" (Lv 11:45), então não há exceções. Santidade, bondade, amor, verdade e justiça estão na raiz precisa da natureza de Deus, que é imutável e, por isso, não admite exceções. Mas a sabedoria toma as verdades universais de Deus e as aplica a circunstâncias específicas e sujeitas a alterações, as quais, por sua própria natureza mutável, nem sempre produzirão os mesmos resultados. Não obstante, a sabedoria ainda assim é muito útil como um guia para a vida, mesmo admitindo eventuais exceções.


Erro Número 17: Esquecer-se de que uma Revelação Posterior Sobrepõe-se a uma Anterior
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Algumas vezes, os críticos das Escrituras se esquecem do princípio da revelação progressiva. Deus não revela tudo de uma só vez, nem determina sempre as mesmas condições para todos os períodos do tempo. Portanto, algumas de suas revelações posteriores vão sobrepor-se a afirmações anteriores. Os críticos da Bíblia às vezes confundem uma mudança na revelação com um erro. O erro, entretanto, é do crítico. Por exemplo, o fato de que a mãe ou o pai de uma criança permita que ela, quando bem pequena, coma com a mão, para somente mais tarde ensinar-lhe a comer com uma colher não é uma contradição. Nem ainda a mãe ou o pai estará se contradizendo quando, mais tarde, insistir para que o filho use um garfo, e não mais uma colher, para comer vegetais. Isto é revelação progressiva, sendo cada ordenança adequada à circunstância particular em que a pessoa se encontra.

Houve uma época em que Deus testou a humanidade proibindo-a de comer o fruto de uma determinada árvore no jardim do Éden (Gn 2:16-17). Este mandamento não está mais em vigor, mas a revelação posterior não contradiz a anterior. Também houve um período (sob a lei de Moisés) em que Deus ordenou que animais fossem sacrificados pelo pecado do povo. Entretanto, desde que Cristo ofereceu o sacrifício perfeito pelo pecado (Hb 10:11-14), esse mandamento do AT não está mais em vigor. Aqui, de novo, não há contradição entre o mandamento posterior e o anterior.

De igual forma, quando Deus criou a raça humana, ele ordenou que se comessem apenas frutas e vegetais (Gn 1:29). Mas depois, quando as condições se alteraram após o dilúvio, Deus ordenou que se comesse também carne (Gn 9:3). Tal mudança de uma condição herbívora para uma carnívora é uma revelação progressiva, mas não se constitui uma contradição. De fato, todas as subseqüentes revelações são simplesmente mandamentos diferentes para pessoas diferentes em tempos diferentes, dentro do plano geral de Deus para a redenção.

É certo que Deus não poda alterar mandamentos que têm que ver com e tua natureza Imutável (cf. Ml 3:6; Hb 6:18). Por exemplo, sendo Deus amor (1 Jo 4:16), ele não pode ordenar que o odiemos. Nem pode ordenar o que é logicamente impossível, como, por exemplo, oferecer e, ao mesmo tempo e com o mesmo propósito, não oferecer um sacrifício pelo pecado.

Mas, apesar desses limites de ordem lógica e moral, Deus pode e revelou-se de maneira progressiva e não contraditória. Quando, porém, os fatos relativos a sua revelação são tirados do próprio contexto e comparados a outros anteriores, podem parecer uma contradição. Esse, contudo, é o mesmo tipo de erro de quem acha que a mãe está-se contradizendo ao permitir que o filho, agora mais velho, vá dormir mais tarde.

Depois de quarenta anos de estudo contínuo e cuidadoso da Bíblia, a única conclusão a que se pode chegar com respeito àqueles que pensam terem descoberto um erro na Bíblia é que eles não sabem muita coisa a respeito dela - na verdade, sabem é muito pouco sobre a Bíblia! Isso não significa, é claro, que entendemos todas as dificuldades existentes nas Escrituras. Mas, certamente, isso nos faz crer que Mark Twain tinha razão ao concluir que não era a parte da Bíblia que ele não entendia o que mais o incomodava, mas as partes que ele compreendia, estas, sim, o incomodavam!

Fonte: Norman Geisler & Thomas Howe; "Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia";; ed. Mundo Cristão; pg.13-31.

Obs¹: Para mais informações sobre o livro que foi descrito aqui, aonde aborda: Dúvidas, Enigmas e “Contradições” Biblicas, faça download abaixo:
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O Senhor dos Anéis: Paganismo, Cristianismo, ou Cristianismo Sincretizado?

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Os pagãos amam O Senhor dos Anéis, enquanto alguns cristãos o defendem, como os autores do livro publicado pela editora Bompastor, Encontrando Deus em "O Senhor dos Anéis". De acordo com 2 Coríntios 6:14-18, o sincretismo a verdade bíblica com o paganismo é aceitável diante de Deus?
Resumo da Notícia: "'Senhor' Concorre ao Oscar", MSN Guide To The Academy Awards, em 24/3/2002:
"Majestoso, majestoso: não foi exatamente um marco, mas O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel superou a todos, registrando treze indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. O épico de Peter Jackson, baseado em J. R. R. Tolkien, também obteve diversas indicações técnicas e de Melhor Ator Coadjuvante para Ian McKellen, perdendo apenas para o marco de catorze indicações recebidas por Titanic e All About Eve."
Resumo da Notícia: "Os Bastardos Chegaram", Fã Clube Oficial de Peter Jackson:
"Peter Jackson foi homenageado hoje na Casa do Governo, em Wellington. O diretor de 'O Senhor dos Anéis' foi investido como Companheiro da Ordem de Mérito da Nova Zelândia. Seu sócio, Fran Walsh, que co-produziu o primeiro filme, também foi investido como Membro da Ordem de Mérito da Nova Zelândia. Seguindo o prêmio BAFTA da última semana para Melhor Diretor, Peter Jackson diz que é um verdadeiro privilégio receber ainda mais reconhecimento. Ele também está cotado para Melhor Diretor nos Prêmios da Academia, nos Estados Unidos."
Achamos altamente interessante que a página do Fã Clube Oficial de Peter Jackson associe a trilogia de O Senhor dos Anéis ao termo depreciativo "Os Bastardos". Às vezes, temos de ir ao outro lado de uma questão para obter a figura mais clara do que uma pessoa ou um evento verdadeiramente é. Nesse caso, os neopagãos de hoje não tem nenhuma dificuldade em reconhecer o paganismo verdadeiro de O Senhor dos Anéis. Assim sendo, por que os cristãos neo-evangélicos têm tanta dificuldade em reconhecer a verdade a respeito dessa trilogia?

Toda a história é de um total sincretismo, definido como: "Tendência à unificação de idéias ou de doutrinas diversificadas e, por vezes, até mesmo inconciliáveis; amálgama de doutrinas ou concepções heterogêneas; fusão de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns sinais originários" [Novo Dicionário Aurélio]. A Bíblia proíbe totalmente a "unificação" de crenças, métodos, e doutrinas divinas com as de Satanás [2 Coríntios 6:14-17]. Todavia, é exatamente isso o que auto-intitulados líderes cristãos estão fazendo quando insistem que Deus e Jesus Cristo podem ser encontrados nesse enredo dos mais satânicos.

A colunista convidada Berit Kjos explica a Visão de Mundo Sincretista de O Senhor dos Anéis a seguir. Nos locais apropriados, a Cutting Edge intercalou maiores esclarecimentos sobre o assunto.
"A trilogia de O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, inspirou mais comentários, criação e seguidores que qualquer outra obra de arte ou de literatura nos tempos modernos. Surpreendentemente, ela também tem sido interpretada — e, portanto, adotada — por aderentes de filosofias radicalmente divergentes, como neopagãos e cristãos evangélicos." [1].

"Ao produzir um mito, praticando a 'mitografia', e povoando o mundo com elfos, dragões e duendes, um contador de histórias... está realmente cumprindo o propósito do Deus, e refletindo um fragmento estraçalhado da verdadeira luz." [2] J. R. R. Tolkien

"...a coisa parece que se escreve sozinha uma vez que eu a inicio..." The Letters of J. R. R Tolkien, [As Cartas de J. R. R. Tolkien], pág. 91.

"Harry Potter e Frodo Baggins, o protagonista de Tolkien, logo batalharão não somente contra o mal mas também um contra o outro para conquistar os corações e as mentes de uma geração", escreveu Brian Carney no artigo "Tolkien Põe Anéis em Potter", publicado no Wall Street Journal em dezembro. "Se há alguma justiça no mundo, Frodo deve vencer." [3].
A corrida ainda não acabou. Ambos os estúdios apostam seu sucesso em livros mais vendidos e na ascensão da popularidade do mito, magia e das forças místicas em nosso mundo pós-cristão. O tema e o entusiasmo de Harry Potter são mais simples, mais compreensíveis para a juventude de hoje, orientada para o visual. No entanto, a mitologia sofisticada de Tolkien conquistou um enorme número de fãs nas últimas décadas.

Ambas as histórias envolvem magos, feitiços, criaturas míticas e encantamentos mágicos. Ambas demonstram a batalha entre um mítico "bem" e o mal. Ambas apresentam a luta de um heróico mago "branco" contra o ameaçador ocultismo das trevas.

Entretanto, Harry Potter maneja sua "boa" magia em um ambiente obviamente ocultista sem nenhuma afirmação de simbolismo cristão. Em contraste, Frodo, o herói hobbit de O Senhor dos Anéis, vive em um mundo que supostamente reflete a verdade bíblica e o amor redentor de Cristo. Mas será mesmo?

O sofrimento de Frodo realmente representa o sofrimento de Cristo? O auto-sacrifício do mago Gandalf tipifica a crucificação? Muitos admiradores cristãos argumentam que "sim". Se têm razão, o que essas comparações realmente nos ensinam sobre a verdade e a redenção?

Ou poderia esse "evangelho" popular estar terrivelmente distorcendo a verdade de Deus? Talvez o próprio Tolkien possa nos oferecer algumas respostas.

O homem e sua mensagem. John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) foi um homem de muitas contradições. Por exemplo:

Em 1969, escreveu uma carta afirmando que "o propósito principal da vida, para qualquer um de nós, é fazer crescer, segundo nossa capacidade, nosso conhecimento de Deus por todos os meios que temos, e sermos movidos por isso aos louvores e graças." [4] No entanto, o foco principal de sua vida foi sua mítica Terra Média, controlada por um "Deus" distante e impessoal, o que pode mais confundir do que esclarecer a natureza do Deus da Bíblia.

Em suas cartas pessoais (muitas estão incluídas em um livro intitulado The Letters of J. R. R. Tolkien [As Cartas de J. R. R. Tolkien]), expressou cautela com relação às práticas ocultistas. No entanto, equipou seu time de heróis míticos — a Sociedade do Anel — com os poderes pagãos que Deus proíbe. Por exemplo, "Gandalf [um mago prestativo] maneja a magia potente... Para batalhar contra os poderes das trevas, Gandalf, o Cinza, pode invocar não somente suas feitiçarias, mas também usar seu bastão de poder e a espada de Elven, Glamdring." [5].

Um católico romano ferrenho, afirmou sua fé no único Deus, que criou o universo. No entanto, seu Deus mítico parou de criar antes de o trabalho ficar pronto, então atribuiu o restante a um grupo de deuses menores ou "subcriadores". Em outras palavras, Tolkien inventou uma hierarquia de deidades que contraria as sábias advertências do Deus bíblico referentes tanto à real quanto à imaginada idolatria. [6].

Você não encontrará esses deuses e espíritos em O Senhor dos Anéis, pois o trabalho criativo deles terminou muito tempo antes de a história corrente começar. No entanto, essa estranha história de criação lançou os fundamentos para todas as outras partes do conto multifacetado de Tolkien. Isto também nos ajuda a compreender os pensamentos do autor e a avaliar a mensagem que divulga por meio de seu mito popular.

O Dr. Ralph C. Wood, professor de Inglês na Universidade Baylor e especialista nas obras de Tolkien, descreveu esses "deuses menores" ou espíritos dominadores. Observe que o Deus reinante parece-se mais como a deidade indiferente do deísmo que o Deus atencioso da Bíblia. Outros "deuses" podem se encaixar direitinho dentro das mitologias nórdica e celta (duas áreas de pesquisa que fascinaram Tolkien):
"No topo está Ilúvatar, o Pai de Todos, correspondendo grosseiramente àquele a quem os cristãos chamam de Deus Pai Onipotente, Criador dos Céus e da Terra. Dele todas coisas procedem, e para ele voltam todas as coisas. Ele é o começo e o fim, aquele que forma todos os eventos para seus próprios propósitos. Ele... raramente intervém em sua criação, preferindo em vez disso trabalhar por intermédio de... quinze seres subordinados...

"Manwë, o Bom e Puro... está mais preocupado com o ar, o vento, as nuvens, e os pássaros que voam. A esposa de Manwë é Varda, a Exaltada. Ela criou as estrelas, estabeleceu os cursos do sol e da lua, e criou a estrela da manhã e da noite Eärendil nos céus. Assim é ela conhecida dos elfos como Elbereth (Estrela-Rainha) e Gilthoniel (Acendedora das Estrelas). Ela ouve os clamores dos homens e dos elfos e vem em sua ajuda e socorro.

"Em seguida vem Melkor ('Aquele que sobe em poder'). Ilúvatar deu a ele maiores poderes e conhecimentos que para qualquer outro Valar... Ele desejou ter seu próprio poder para criar as coisas do nada — dar a elas a existência verdadeira — como tinha o Pai de Todos. Assim, ele buscou no Vazio a Chama Imperecível, perturbando a Música original que Ilúvatar tinha criado para conservar os Corredores Eternos em harmonia...

"Ulmo ('aquele que derrama, ou envia a chuva') é... senhor de águas... habita no Oceano Exterior ou nas águas debaixo da Terra Média, governando o movimento de todos os oceanos e rios. Ulmo se preocupa grandemente com os Filhos de Ilúvatar, aconselhando-os por aparições diretas, por sonhos, ou por meio da música das águas...
"Irmo ("mestre do desejo") é o autor das visões e dos sonhos..." [7].
Juntos, Ilúvatar e os deuses menores sugerem uma mistura não-bíblica de monoteísmo impessoal e politeísmo pessoal, pois somente os deuses menores se envolvem nas vidas das pessoas. Em contraste, a fé cristã baseia-se em uma compreensão clara de Deus como ele se revelou na sua Palavra. Ele somente é Criador e Senhor de tudo, e continua a se envolver na vida do seu povo. Ele não delega esse senhorio para nenhuma outra deidade.
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Logicamente, os mitos e as histórias não podem ser mantidas aferidas com a realidade. Ao contrário da verdade absoluta de Deus, os mitos são mutáveis — um produto da procura subjetiva do homem por significado. Nascidos na imaginação humana e sujeitos aos sonhos humanos, são livres para distorcer e estender qualquer "verdade" que supostamente ilustram. Vemos esse processo nas salas de aula de todo o país, em que os mitos do mundo são alterados de modo a fornecer o tipo "certo" de modelos para a planejada espiritualidade global.

O próprio Tolkien nos assegura que não pretendeu ensinar a realidade bíblica por meio de sua fantasia mítica. Em uma carta de 1956, ele escreveu: "Não há absolutamente nenhuma 'alegoria' — moral, política, ou contemporânea — na obra. É um 'conto de fadas'... [escrito] para adultos." Mais tarde, continuou:
"Esta é, devo dizer, uma mitologia 'monoteísta' mas ' subcriacional'. Não há nenhuma incorporação do Único, de Deus, que assim permanece remoto, fora do Mundo, e somente diretamente acessível ao Valar ou Governantes. Esses tomam o lugar dos 'deuses', mas são espíritos criados..." [8].
Todavia, muitos cristãos insistem que a hierarquia espiritual de Tolkien realmente faz paralelo com o relato bíblico. Mesmo Tolkien, a despeito de suas negativas, compara partes de seu mito com aspectos correspondentes da verdade. Entretanto, as semelhanças óbvias tendem a confundir em vez de esclarecer a verdade bíblica. O mito de Tolkien distorce as Sagradas Escrituras o bastante para mudar seus significados e confundir a verdadeira natureza de Deus. Como a tentação da serpente no jardim, as ilusões de Tolkien sobre a verdade apelam para os sentimentos humanos e podem conduzir ao engano.
Por exemplo, seus elfos e magos — as criaturas capacitadas com habilidades mágicas — desfrutam a certeza da vida eterna incondicional. Mas os seres humanos não. Suas vidas — com raras exceções [9] — precisam terminar com suas mortes físicas.

Em vez da esperança cristã de vida eterna, o mundo de Tolkien oferece reencarnação — mas somente para um grupo selecionado. Essa noção popular contradiz as Escrituras, que dizem "... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo." [Hebreus 9:27]. Interessado nessa contradição, o gerente de uma livraria católica perguntou a Tolkien se ele poderia ter "ultrapassado a linha em matérias metafísicas". Tolkien escreveu esta resposta:
"'A reencarnação' pode ser má teologia (isso certamente, em vez da metafísica) quando aplicada à humanidade... Mas não vejo como até mesmo no mundo Primário qualquer teólogo ou filósofo, a não ser que muito melhor informado sobre a relação de espírito e corpo que acredito que qualquer um seja, possa negar a possibilidade de reencarnação como um modo de existência, prescrita para certas espécies de criaturas racionais encarnadas." [10].
Visto que Tolkien nega qualquer suposto elo alegórico entre seu mito e a verdade bíblica, não é honesto manter suas histórias relacionadas com essa verdade. Nem é sábio continuar afirmando que elas nos ensinam a verdade de Deus. Aqueles que podiam facilmente ser tentados a baixar sua guarda, põem de lado o discernimento, internalizam as sugestões fascinantes e são atraídos pelas imagens ocultas — o oposto da advertência de Deus em Romanos 12:9: "Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem."

A versão em filme de "O Senhor dos Anéis" idealiza o ocultismo e exalta as práticas pagãs usadas pelos personagens "bons". Como Guerra nas Estrelas, Harry Potter e as culturas pagãs do mundo, seduz seus admiradores em um mundo imaginário que usa a magia branca, ou benevolente, contra a magia negra, ou maligna. Ambos os lados dessa imaginada "batalha entre o bem e o mal" usam práticas ocultistas que Deus proíbe. [Deuteronômio 18:9-12]. Quem quer andar com Deus não pode se deleitar nas coisas que ele chama de malignas.

A Sociedade do Anel. O talento de Tolkien como narrador dá vida a esse mundo mítico. Ele faz sentir as ambições fatais do sequioso de poder Lord Sauron, que serve ao maligno Melkor. Portanto, a magia que evitaríamos no mundo real torna-se uma solução bem-vinda no contexto dessa história:

Um jovem hobbit, Frodo Baggins, herdou o anel de seu tio, Bilbo Baggins. Ao contrário de muitos donos anteriores, Frodo resiste ao impulso de guardar o anel e usar sua magia para propósitos egoístas. Em vez disso, inicia uma difícil viagem para destruir o anel amaldiçoado nos fogos de Monte da Condenação, onde ele foi forjado. No entanto, ele não pode fazer isso sozinho.

Três de seus amigos hobbits leais entram na equipe: Sam, Merry e Pippin. Assim também Aragorn e Boromir (dois seres humanos), Legolas (um elfo) e Gimli (um anão). Com ajuda de três outros elfos poderosos, o mago Gandalf os guia pelo caminho. Tolkien descreve a natureza deste último:
"Gandalf não é certamente um ser humano (homem ou hobbit). Não há naturalmente quaisquer termos modernos precisos para dizer o que ele seria. Eu arriscaria dizer que ele foi um 'anjo' encarnado... com os outros Istari, magos, 'aqueles que sabem', um emissário do Senhor do Ocidente, enviado para a Terra Média quando a grande crise de Sauron surgiu no horizonte. Por 'encarnado' quero dizer que eles foram incorporados em corpos físicos capazes de sentir dor e cansaço..." [11].

"Por que eles deveriam tomar tal forma tem que ver com a 'mitologia' dos Poderes 'angélicos' do mundo dessa fábula. Nesse ponto na história fabulosa, o propósito foi precisamente limitá-los e impedi-los de exibir 'poder' no plano físico, de modo que pudessem fazer aquilo para o que foram primeiramente enviados: treinar, aconselhar, instruir, despertar os corações e as mentes daqueles ameaçados por Sauron a uma resistência com seu próprio vigor... Os magos não ficaram isentos, realmente por serem encarnados, ficaram mais propensos a se desviar, ou errar. Somente Gandalf passou completamente no teste, em um plano moral, pelo menos. Na condição dele, seria um sacrifício perecer na Ponte em defesa de seus companheiros... Gandalf sacrificou a si mesmo, foi aceito, ascendeu e voltou." [11].

"Gandalf realmente 'morreu' e foi transformado... 'Sou Gandalf, o Branco, aquele que voltou da morte'." [12].
Esse "anjo" encarnado não pertenceria às hostes dos anjos bíblicos. No entanto, ele se encaixa bem na hierarquia de "devas" ou "anjos" e mestres elevados no elaborado sistema espiritual chamado Teosofia, ou "Sabedoria Antiga". Fundado pela senhora Helena Petrovna Blavatsky, essa mistura esotérica de hinduísmo e ocultismo ocidental recebeu suas doutrinas dos "mestres elevados", ou espíritos-guia, como Dwhal Khul, que canalizaram suas mensagens por meio da médium Alice Bailey.
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Fascinação pela Atlântida. A lendária Atlântida teve uma parte importante na cosmovisão teosófica — exatamente como na grande mitologia de Tolkien. Em A Doutrina Secreta, escrita para a Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky fala sobre os "espíritos reveladores do Oriente", que trouxeram compreensão sobre a Atlântida e descreveram seu povo como uma de sete raças "raízes" da humanidade.

Incontáveis líderes e místicos, autores e psicógrafos sonham com a Atlântida. Eles incluem o "profeta adormecido" Edgar Cayce (que a vinculou com a "terra Maia"), Rudolph Steiner (fundador da Escola Waldorf) e a dra. Shirley McCune, oradora principal na Conferência do Governador Sobre Educação no Kansas, em 1989. Em seu livro The Light Shall Set You Free (baseado em mensagens canalizadas de vários seres angelicais ou mestres elevados), ela escreveu:
"Os atlantes operavam neste nível superior de existência, conectados ao seu Eu Superior. Com a queda da Atlântida, a humanidade experimentou uma luta pela sobrevivência e ficou atenta ao eu inferior, dominado pela vontade do ego. Agora, após milhares de anos de evolução, a maioria das pessoas esqueceu... como se conectar com as dimensões mais elevadas..." [13].
Tolkien pinta um quadro similar da Atlântida. Ele coloca a lenda na Primeira Era de sua história mítica. A destruição da Atlântida ocorreu na Segunda Era. O Senhor dos Anéis ocorre na Terceira Era. Mas elas todas se encaixam uma com a outra:
"O 'mito' particular que está por trás desse conto... é a Súbita Ruína de Numenor: uma variedade especial da tradição da Atlântida. Isso me parece tão fundamental na 'história mítica' — se tem ou não qualquer tipo de base na história real... que alguma versão dela teria de entrar..." [14].

"Numenor é minha alteração pessoal do mito e/ou da tradição da Atlântida, e a acomodação dela na minha mitologia geral. De todas as imagens míticas ou 'arquetípicas' essa é a mais profundamente assentada na minha imaginação, e por muitos anos tive um sonho recorrente da Atlântida: a onda gigantesca e da qual não se podia escapar avançando do oceano e cobrindo a terra, às vezes escura, às vezes iluminada pelo sol e verde." [15].

"Numenor", explicou Tolkien em uma carta anterior, "tomba e desaparece para sempre com toda a sua glória no abismo. Conseqüentemente, não há habitação visível do divino ou imortal na terra... Assim, o fim da Segunda Era leva a uma catástrofe maior..." [16].
Mito e inspiração. Em "O Senhor dos Anéis: Mitologia Verdadeira", uma introdução a uma série de artigos sobre Tolkien, Leadership U [patrocinada pela Christian Leadership Ministries (Ministérios de Liderança Cristã)] observa que "Muitos críticos zombaram da trilogia como mero escapismo, mas Tolkien a viu como realidade descoberta, que sua fabricação de um mito foi uma tentativa de descobrir o que é real da forma mais clara possível: 'mito verdadeiro'." [17].

A realidade mítica de Tolkien soa um tanto como um oximoro. Mito, por definição, implica em alguma coisa que não é a realidade. O próprio Tolkien nega o elo entre seu mito e a verdade de Deus. Todavia, esse vínculo resiste em muitas mentes contemporâneas — especialmente entre aqueles que gostam da história. Mas pode isso representar a realidade bíblica?

Leadership U continua: "O imaginário bíblico, muitos alegam, é abundante nos contos — que realmente não contêm nenhuma menção explícita a Deus, Cristo ou adoração. Essa aparente ambigüidade deixa muito espaço para os neopagãos e outros apontarem a abundância de deuses, espíritos, fadas e outros personagens míticos e pagãos no texto." [17].

A cultura de hoje está bem acostumada com a ambigüidade. Vemos isso nos anúncios, na propaganda política, nas novas leis que estão sendo aprovadas... Promessas grandiosas estão "em alta"; termos definidos estão "por fora". Estes últimos esclarecem e permitem escolhas racionais em vez da conformidade do "sentir-se bem".

Para ver algo da ambigüidade de Tolkien, alguém poderia olhar para suas fontes de inspiração. Uma vez mais, o estudioso de Tolkien, o professor Wood, pode nos ajudar. Em sua análise de A Question of Time: J. R. R. Tolkien's Road to Faërie, de Verlyn Flieger, ele reconhece que Tolkien foi influenciado pelos românticos do século XIX, como George MacDonald, "visto que seu amigo e companheiro literário C. S. Lewis também foi decisivamente influenciado por eles". Ele continua:
"O que vem como um choque genuíno é a notícia que a mente e o trabalho de Tolkien foram marcados pelas viagens de sonhos fictícios de George Du Maurier, pelas experiências psíquicas de Charlotte Moberly e de Eleanor Jourdain, pelas fantasias de viagem no tempo de H. G. Wells...

"Flieger mostra-nos um Tolkien mais tenebroso e menos alegre do que muitos de seus apologistas cristãos reconhecem. Aqui outra vez ela tem razão: Tolkien foi um homem cuja fé era coberta por sombras e dúvidas... No entanto, se o mérito de um estudo crítico se assenta em sua análise esclarecedora da obra principal de um autor, então o livro de Flieger deve ser falho, apesar de merecer elogios. Ela deixa de esclarecer 'O Senhor dos Anéis' o tanto quanto explica duas obras menores que interessam a poucas pessoas além de arquivistas Tolkienianos... E, como ela encontra Tolkien expressando noções de reencarnação, de viagem física no tempo e de experiências ocultistas nesses pontos particulares em sua ficção, assume que essas noções estejam em ação em toda parte da sua obra."

"Flieger tem razão em argumentar que Tolkien compartilhou sua crítica neognóstica do materialismo decadente e violento de nosso século. No entanto, deixa de ver que Tolkien também resiste ao que é espúrio na tentativa de ter Deus sem encarnação, ou cruz ou ressurreição — em resumo, ter Deus sem Deus..." [18].
Sim e não. Neste ponto, reina a ambigüidade. O mundo mítico de Tolkien realmente inclui um "Deus sem Deus". Um Deus está lá, mas não a cruz ou a ressurreição. Os cristãos, como os pagãos, podem interpretá-lo de qualquer forma que melhor se encaixe em sua cosmovisão ou satisfaça sua luxúria por vôos imaginários dentro dos domínios ocultistas da magia e do misticismo.

Terry Donaldson, fundador e diretor do Centro de Treinamento em Tarô, em Londres, faz esse vôo imaginário parecer fácil. Já imerso nas práticas ocultistas, ele embalou sua interpretação do mito de Tolkien em uma caixa de presente atraente. O título revela a natureza: "O Oráculo do Senhor dos Anéis: Um Pacote Místico com Cartas, Mapa, e Anel para Adivinhação e Revelação da Terra Média". A contracapa explica:
"O reino da Terra Média está dentro de cada um de nós. Portanto, lance o anel de ouro sobre o mapa, e preveja o futuro por meio das cartas. O Oráculo do Senhor dos Anéis é um novo e extraordinário sistema divinatório baseado no bestseller 'O Senhor dos Anéis'... uma história carregada de magia misteriosa." [19].
Em volta da caixa de presente estavam livros de Harry Potter e diversas publicações recentes sobre bruxaria, quiromancia, cartas de tarô e lançamento de feitiços. Juntos, mostram a aceitação crescente de um mundo proibido, que antigamente era considerado com cuidado e prudência.
Capa

Essa mudança espiritual está pegando muitos cristãos desprevenidos. Para outros, é necessário pouco mais de um olhar rápido nos mistérios ocultos para atiçar a curiosidade e os desejos que os levam a mergulhar mais fundo no mundo invisível que suas mentes liberaram.

O Senhor dos Anéis não é exceção. Décadas atrás, quando a bruxaria e a magia estavam ocultas da visão pública, os visionários da jovem "Terra Média" não tinham nenhum lugar na vida real para testar as novas sugestões. Isso tudo mudou. Por meio dos livros, dos conciliábulos locais, da Internet e de outras fontes disponíveis, os interessados podem facilmente encontrar tutores e práticas que tornam a fantasia da magia em realidade ocultista prática. Esse fato soberbo torna nosso mundo atual radicalmente diferente dos tempos quando Tolkien e seus amigos compartilhavam suas histórias uns com os outros.

Amizade com C. S. Lewis. Tolkien realmente conduziu o descrente Lewis a uma fé salvadora? Muitos cristãos responderiam "sim" — e, portanto, assumem que os mitos de Tolkien ensinam uma mensagem cristã. Walther Hooper, último secretário particular de Lewis, nos dá uma rápida e parcial visão desse evento.
"Lewis se tornou ateu quando tinha catorze anos", escreveu Hooper em Tolkien: A Celebration [Tolkien: Uma Celebração], uma coleção de ensaios. Aparentemente, o adolescente ficou frustrado com os professores que viam as crenças pagãs como "bobagem". Quando eles não conseguiam mostrar "como o cristianismo cumpriu o paganismo ou como paganismo prefigurou o cristianismo", o jovem Lewis concluiu que o cristianismo era igualmente "sem sentido". [20].
A mente de Lewis foi mudada na noite de 19 de setembro de 1931, o momento mais importante de sua vida. Lewis tinha convidado Tolkien e Hugo Dyson, um professor da Universidade Reading, para jantar. Quando Tolkien saiu de Magdalen às 03h00min da madrugada, Lewis compreendeu o relacionamento entre o cristianismo e o paganismo." Um mês mais tarde, Lewis escreveu a seguinte carta:
"A história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro. Um mito que trabalha em nós da mesma forma que os outros, mas com esta diferença tremenda: que ele realmente aconteceu e a pessoa deve estar contente em aceitá-lo na mesma forma, lembrando que é mito de Deus onde os outros são mitos dos homens; isto é, as histórias pagãs são Deus expressando a si mesmo por meio das mentes dos poetas, usando tais imagens como ele as encontrou lá, enquanto o cristianismo é Deus expressando a si mesmo por meio daquilo que chamamos de 'coisas reais'... a saber, a encarnação real, a crucificação e a ressurreição." [20].
Talvez Lewis, naquele momento, tenha recebido Cristo como seu Salvador e Senhor. No entanto, essa afirmação ainda é insuficiente para dar essa certeza. Dois outros relatos encaixam mais algumas peças.
Segundo Colin Gunton, professor de Doutrina Cristã no Departamento de Teologia e Estudos Religiosos no King's College, em Londres, os três amigos estavam discutindo a veracidade dos mitos. Lewis questionava a compatibilidade do cristianismo com o paganismo, e Tolkien explicava por que os mitos "não são mentiras":
"O homem não é em última instância um mentiroso. Ele pode perverter seus pensamentos em mentiras, mas vem de Deus, e é de Deus que traz seus ideais finais... Não meramente os pensamentos abstratos do homem, mas também suas invenções imaginativas precisam se originar em Deus e, em conseqüência, refletir alguma coisa da verdade eterna.


"Na criação de um mito, na prática da mitografia, e povoando o mundo com elfos, dragões e duendes, o autor... realmente está cumprindo o propósito do Deus, e refletindo um fragmento estraçalhado da verdadeira luz." [2].
O Deus da Bíblia tem uma visão muito mais inferior da imaginação humana que a de Tolkien, e certamente não dá crédito às suas especulações míticas. Em vez disso, ele repetidamente nos adverte que "a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice" [Gênesis 8:21]. Enquanto Tolkien parece ver o cristianismo e a unidade com Cristo de uma perspectiva universal, Deus nos diz que somente aqueles que são "nascidos do Espírito" podem compreender suas verdades e receber seus pensamentos. E até mesmo esse grupo seleto pode ser facilmente tentado a imaginar ou "inventar" mitos e imagens profanas.

Outro relato, C. S. Lewis and Emil Brunner: Two Mere Christians [C. S. Lewis e Emil Brunner: Dois Meros Cristãos], de Mark McKim, nos diz que Lewis "foi em parte conduzido de volta ao cristianismo como resultado de seu amor pelos grandes mitos pagãos e ao conhecimento que tinha deles. No cristianismo, ele concluiu, os indícios e sugestões no pensamento pagão foram cumpridos... Pelo resto de sua vida, e em todos os seus escritos, Lewis afirmou que as fés não-cristãs podiam ser a entrada para o cristianismo." [21].

Como o Dr. Hooper, Mark McKim incluiu uma porção de carta de Lewis a Arthur Greeves:
"...se eu encontrasse a idéia de sacrifício em uma história pagã, não me importaria nem um pouco com isso: novamente, se encontrasse a idéia de um deus sacrificando-se para si mesmo... Gostei muito dela e fui misteriosamente tocado por ela; outra vez, que a idéia do deus que morre e revive... similarmente me tocou, pois não a encontrei em nenhum lugar, exceto nos Evangelhos. A razão era que nas histórias pagãs fui preparado para sentir o mito como profundo e sugestivo de significados além da minha compreensão e apesar de que eu não possa dizer em prosa fria 'o que ele significa'. Agora, a história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro. Um mito que trabalha em nós da mesma forma que os outros, mas com esta diferença tremenda: que ele realmente aconteceu..." [21].
Lewis estava errado em chamar o evangelho "um mito verdadeiro" que funciona "em nós da mesma forma que os outros". O evangelho vive em nós pela operação do Espírito Santo, não pela imaginação humana. A misericórdia de Deus sempre alcançou os pagãos em todo o mundo por meio das vidas sacrificiais de missionários fiéis. Entretanto, seu dom da salvação vem por meio de sua Palavra e do seu Espírito. Os crentes que eram outrora oprimidos por forças ocultas foram transformadas a despeito de suas crenças pagãs, e não por causa delas.

Comentando sobre o mesmo "grande" evento, o historiador Glenn J. Giokaris escreveu,
"Lewis tinha insistido que os mitos eram mentiras, mas Tolkien respondeu, 'eles não são . . . Viemos de Deus,... e refletimos um fragmento estraçalhado da verdadeira luz, a verdade eterna que está com Deus. Realmente, somente pela criação do mito... o homem pode aspirar à perfeição que conheceu antes da queda.'


"Essa conversa levou Lewis a ver que o relacionamento entre as imagens da literatura e o mito de verdade era tal que os mitos inevitavelmente levavam a um ponto em que o mito se encontra com Deus para formar a realidade. Onze dias depois, C. S. Lewis escreveu a Arthur Greeves, 'Passei da crença em Deus para definitivamente crer no cristianismo em Cristo. Minha longa caminhada e discussão à noite com Dyson e Tolkien teve uma grande influência nisso.'" [22].
Descobrir Deus por meio da "fabricação de mitos" pode facilmente conduzir à contemporização. E, quando "o mito se encontra com Deus", produz uma ilusão da fé bíblica — uma fé baseada em uma mistura enganosa da verdade, mito e filosofias humanas. Vemos esse processo enganador hoje no movimento da igreja pós-moderna. Entretanto, há muito tempo, Deus nos disse para...
"Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas [mitos]. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista; cumpre o teu ministério." [2 Timóteo 4:2-5].
Para estarmos vigilantes e preparados, precisamos encher nossas mentes com a verdade de Deus, não com mitos sedutores. Precisamos vestir a Armadura de Deus inteira — um conjunto de verdades vitais sobre Deus e da nossa fonte de justiça, paz, fé e salvação — então tomarmos uma posição firmados em sua palavra e recusar a contemporização, não importa quão impopular se torne essa nossa posição.
Aqueles que confiam mais em sua imaginação do que em Deus não verão a grandeza de Deus nem tolerarão aqueles que o seguem. É por isso que Jesus advertiu seus discípulos, dizendo:
"Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isso vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou." [João 15:19-21].

Conclusão
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Como você pode ver, o "cristianismo" de J. R. R. Tolkien estava totalmente misturado com o paganismo, uma sincretização no que há de pior. Mas, você sabe, o cristianismo neo-evangélico há muito tempo acredita que não há absolutamente nada de errado com a associação com os infiéis e com os cristãos apóstatas, apesar das instruções bíblicas contrárias. Hoje, esse sincretismo chegou ao ponto em que líderes e membros das igrejas estão sendo levados por caminhos espirituais falsos sem compreender que suas almas estão em perigo.

Hoje, vemos um vice-presidente da Focus on the Family promover um livro que escreveu, intitulado, "Descobrindo Deus em O Senhor dos Anéis" [publicado em português pela Editora Bompastor]! Não há forma alguma de encontrar Deus em um livro enlaçado com malignidade e evidente feitiçaria como O Senhor dos Anéis! O apóstolo Paulo escreveu muito bem:
"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso." [2 Coríntios 6:14-18].
Essa mistura de paganismo e cristianismo que está sendo feita pela liderança está conduzindo a comunidade cristã diretamente para a religião ecumênica e global do Anticristo e do Falso Profeta. O simples fato de vermos essa inacreditável mistura de paganismo com cristianismo é um sinal seguro que estamos verdadeiramente no fim dos tempos e que o Anticristo está próximo.

Referências: Espadaeti
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