quinta-feira, 21 de junho de 2012

Igreja, fábrica de fariseus?




10   Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano.
11   O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque 
não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;

12   jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
13   O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia 
no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!
14   Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta 
será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.


Nessa história Jesus ensina o caminho para justificação, ele mostra a diferença na intenção do
 publicano, uma pessoas comum e que vive fora dos padrões morais da sociedade,e do fariseu, um
religioso que se acha certinho. Também vemos valores morais, costumes sociais, atos religiosos e a
lei, todas sucumbindo desvalorizadas diante da graça de Deus.

Deus justifica um publicano, que naturalmente possui uma reputação duvidosa, alguém que no
curriculum não tem grandes feitos, não tem seu nome numa lista de membros numa igreja, não
participa de uma consagração coletiva num domingo de manhã, sua freqüência nos cultos está baixa
 e seu conhecimento bíblico é raso.

Por outro lado, Deus despreza aquele que confia si próprio, mesmo que ele seja alguém moralmente
 correto e nunca tenha roubado uma caneta sequer. Deus não está preocupado com sua justiça. Ele
não leva em consideração as horas de jejum, a fidelidade no dízimo ou a fidelidade conjugal, isso porque
 o Deus que se vende não é o Deus Pai de Jesus Cristo, mas é o deus da religião que pode (e precisa)
 ser
 subornado com bons feitos e sacrifícios pra nos abençoar ou, no mínimo, não nos amaldiçoar.

A bíblia diz que nossas boas ações e nossa justiça são comparadas a um trapo de imundicia. Trapo
 de imundicia era o pedaço de pano usado pelas mulheres no período menstrual, era o absorvente da
 época. E é a essa sujeira toda que Deus compara nossos atos mais nobres.


O fariseu se acha melhor do que outros, acha que espiritualmente está a um nível acima, se considera
puro principalmente se comparado a prostitutas e homossexuais, ele se gaba pela sua fidelidade nos
 cultos e já se acha merecedor da salvação.  Mas Deus lhe adverte com amor: Cuidado seu fim pode
ser surpreendente. 

O pior de tudo que a igreja é especialista em produzir gente desse tipo.

A igreja até aceita alguém fraco, derrotado e pecador inicialmente desde que ele aceite a Jesus e no
 domingo seguinte volte transformado e regenerado, afinal ele é agora "nova criatura".

Quer ser levando em consideração na igreja? quer ser respeitado? quer servir de espelho e ter uma
boa influencia? Então decore a oração do fariseu. Mostre ao errante neófito que se ele perseverar e
 jejuar muito, um dia ele poderá ser igual a você.

Esconda seus medos, suas frustrações, em hipótese alguma revele seus pecados recorrentes,
os pastores não gostam de gente que toda semana diz que caiu em pecado. O sonho de "todo" líder
é que seus seguidores entrem na igreja com a oração do publicano mas volte na semana seguinte
 fazendo eternamente a oração do fariseu. É terminantemente proibido levantar as mãos e aceitar a
Jesus reconhecendo seus pecados toda semana isso só é permitido uma vez.

Somos especialistas em produzir gente "forte" que não se dobra ante as dificuldades da vida, alguém
que não cambaleia na fé,  que faça chuva ou sol esteja em todos os cultos, que mesmo passando por
dificuldade financeiras seja fiel no dízimo, que mesmo com alguém doente em casa diga que está tudo
bem, que nunca se considere cauda, que, diferentemente do publicano, nunca abaixe a cabeça e
publique suas fraquezas. 

Ensinamos a conquistar, a tomar posse, a ganhar terreno. Tentamos encobrir a fragilidade humana
com pensamentos positivos e a fé na fé. Porém não ensinamos a viver imerso na vida com suas
demandas positivas e negativas, não ensinamos que não precisamos ser perfeitos, que a perfeição
de Cristo é suficiente, não ensinamos que a benção de Deus é realmente isso BENÇÃO e não
RECOMPENSA, não ensinamos que o lugar sagrado (templo, igreja), o dia sagrado (domingo) e as
 pessoas sagradas (pastor, apóstolo...) são objetos da religião, não ensinamos que os objetos e
costumes Judeus são apenas dos Judeus e não devem ser empurrados goela abaixo dos cristãos,
 não ensinamos  que mesmo os incrédulos e ateus são de Deus porque Ele é tudo em todos, não
ensinamos que não precisamos da unção de Davi, da de Elias, Eliseu, Moisés, Abraão, Jacó, etc,
porque em Cristo convergiu toda unção e poder,   não ensinamos que Deus não vai nos punir com
idas extras a farmácia porque não dizimamos, não ensinamos o amor incondicional de Deus, não
ensinamos que Jesus veio pra salvar e não para condenar, pra isso já existia a lei, não ensinamos
 que Jesus disse que aquele que vier a ele demaneira NENHUMA ele lançara fora, mesmo que seja
uma pessoa fora dos padrões morais da sociedade: um ladrão, um adúltero ou um homossexual,
não ensinamos a verdadeira Graça porque ela é inconveniente e imoral.

Ensinamos o farisaísmo achando que estamos ensinando o Evangelho.

Quer testar se isso acontece na sua igreja? Então comece analisando se antes da oferta alguém vai
 testemunhar que comprou ganhou de Deus um carro, ou um emprego novo, prometendo doar um mês
de salário à igreja, ou se gabando por não ter quebrado a campanha dos 21 dias de vitória e por viver
 uma vida fiel. 

Analise também como são tratados e que participação tem nos trabalhos da igreja pessoas com
pecados recorrentes como inveterados viciados em cigarro, casais não casados, adolescentes
 grávidas, mães solteiras, homossexuais, etc Só o fato de esses tipos de pessoas existirem na
sua igreja já seria um milagre, mas que importância e que participações lhes são oferecidas na igreja?
Com certeza nenhuma, porque são considerados pecadores em meio a um bando de "santinhos
 imaculados", eles difamariam o santo templo.

Lembro-me de uma vez, meses antes de casar, quando minha esposa estava grávida, eu já tinha
 sido arrancado de todos meus trabalhos na igreja, estava, como dizem os evangélicos: de banco.
Vi que a frente da igreja estava muito suja com folhas secas de árvores por todos os lados, então
 peguei a vassoura e comecei a varrer, quando uma diaconisa muito "gentil" arrancou a vassoura da
 minha mão e disse com "sangue no zóio" que eu não podia fazer nada na igreja porque estava em
pecado. Abaixei a cabeça triste e culpado e fui-me embora, ainda não tinha a consciência que tenho
hoje.

Já fui exortado por colocar uma pessoa que lutava contra o homossexualismo como meu ajudante
 nos trabalhos com os jovens. Ele acabou indo embora, abandonando a igreja e se juntando com seu
 parceiro.

A mudança nas pessoas tem que ser natural de dentro para fora e não imposta de fora para dentro.

Enquanto ensinarmos que o mundo é um lugar a ser evitado, que as mazelas humanas são fruto da
ausência de Deus, que Deus não ouve os pecadores, que só a igreja evangélica é que detém os
 "diretos autorais" da salvação, que ser forte e inabalável é sinônimo de fé e que ser pecador é ser
 inimigo de Deus então ainda não entendemos o plano da salvação e o cristianismo será apenas mais
 uma entre muitas religiões.

O melhor apelido de Jesus é: Amigo de publicanos pecadores



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