sábado, 10 de março de 2012

Retirem o meu Jesus dos Delírios Comunistas

Artigo editado do texto original de Alessandro Chaves.


Quando digo que o comunismo é o oposto da democracia, mesmo que na teoria não seja necessariamente assim, falo com deliberada consciência da minha assertiva, pois a história não me deixa mentir. Sei que a democracia é um conceito helênico; que Marx é o teórico mais influente do comunismo e que sistematizou a doutrina comunista. Porém, quando me refiro a democracia não estou evocando o ideal grego que excluía as mulheres, estrangeiros e escravos e onde somente alguns poucos privilegiados podiam votar. Falo da democracia capitalista ocident¬al e ao me referir ao comunismo, estou afirmando que ele é sinônimo de ditadura, totalitarismo e genocídio. Quem discordar, por favor, diga qual foi o país onde o flagelo do comunismo foi implantado e os valores caros à democracia continuaram preservados?


Relativizar o genocídio praticado pela ideologia comunista (que matava seus opositores com métodos sistematicamente cruéis, desumanos e diretos) para torná-los equivalentes com as consequências indiretas advindas do sistema capitalista: é como criminalizar e condenar o vendedor de balas e o dono da fábrica de açúcar. Corresponde a culpá-los por matar aos poucos através de consequências indiretas como diabetes, entupimento das artérias ou qualquer outra doença originada pelo consumo exagerado de açúcar que tanto o vendedor de balas e o dono da fábrica sabem fazer mal, mas colocando-os no mesmo patamar de um criminoso que atira a queima roupa ou esfaqueia um cidadão.

Considerar o vendedor de balas como assassino na mesma categoria de um homicida sanguinário é o que fazem os defensores do comunismo quando tentam defender o extermínio em massa que é a consequência direta da ideologia comunista, com as consequências indiretas provenientes do capitalismo.

Quando eu testemunho comentários dizendo que o nazismo é de direita, eu me pergunto se estão tentando defender o comunismo ou o nazismo. Considerando que a primeira ideologia exterminou mais de 100 milhões de vidas e a outra 60 milhões, eu me questiono se com tal afirmação intencionam proteger Hitler ou Stalin...

Por um momento, concedamos a esses "teóricos" a aceitação da hipótese de que Hitler não era um esquerdista e passemos a ignorar o pacto entre Berlim e Moscou ou outras evidências claras que provam o contrário, desprezando que usaram a mesma técnica de extermínio, etc. Agindo assim, notaremos que eles alegam que a extinta URSS lutou tanto contra o fascismo, quanto contra o nazismo, usando essa afirmação como prova conclusiva de que Hitler não era comunista. Veremos também que não aplicam a mesma lógica quando afirmam que Hitler era de direita, pois, diferente das motivações estratégicas dos soviéticos que se fundamentavam no rompimento de acordos, os aliados combateram a expansão dos regimes totalitários por oposição ideológica, posicionando os países capitalistas como os principais inimigos do nacional socialismo e do fascismo.

Tenho confrontado aulas da mais pura retórica demagógica dos que desejam espalhar a ideia ridícula de que Cristo teria sido o primeiro teórico do comunismo e o único comunista de fato. Militantes que pegam a utopia comunista e a transformam no ápice das virtudes, sendo que se aplicarmos a mesma lógica fajuta poderemos sair afirmando que Jesus foi o primeiro e inigualável Iluminista da história, somente porque Ele nos revelou o verdadeiro sentido de Liberdade, Igualdade e Fraternidade; que originou e foi o maior de todos os membros das TJ's por ser verdadeiramente uma fiel testemunha de Jeová; que foi o mais grandioso expoente islâmico, pois somente Ele se sujeitou por completo a Deus; e assim continuaríamos assimilando toda e qualquer utopia ideológica para dizer que Jesus foi o único a cumprir literalmente as promessas de todas elas.

Apregoando a ilusão de que não foi bem o comunismo que Marx sistematizou e Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel, Che, Lenine e toda a corja puseram em prática, os agentes comunistas apenas tentam se eximir de todas as atrocidades que cometeram.

Essas tentativas de relacionar Jesus com o comunismo extrapolam a conotação política, ultrapassando o campo ideológico para se converterem numa heresia satânica e infernal. Assim fazem as seitas que isolam trechos e versos bíblicos para corroborar suas próprias ideias, nem que para isso tenham que ignorar todo o restante, omitindo intencionalmente todos os versos e capítulos que os contradigam.

Jesus jamais ensinou algo parecido com o comunismo. Ele pregou o reino dos céus e a vontade de seu Pai revelada no AT, trazendo-nos a graça e a salvação, mas nunca pregou um coletivismo.

Igualdade, no sentido bíblico, não é o mesmo que igualdade no sentido iluminista ou comunista. Ser igual é o mesmo que não fazer da existência de diferenças sociais um obstáculo para aceitar o próximo e amá-lo como a nós mesmos. Mas em nada corresponde a nivelar a todos numa mesma escala social, acabando com a propriedade privada ou coisa parecida.

Vejamos alguns exemplos de que o próprio Deus nunca pregou o fim da diferença social e sim um amor fraternal que não se deixa apartar por elas.

Comecemos com a leitura do que diz Êxodo (30:15):

O rico não dará mais, e o pobre não dará menos da metade do siclo, quando derem a oferta alçada ao SENHOR, para fazer expiação por vossas almas.

Tomemos as palavras de Jesus, no tocante ao que Ele falou sobre a condição dos pobres em João 12: 8:

Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.

Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:

- Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?

Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.

Disse, pois, Jesus:

- Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto; Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.

Verifiquemos agora a conduta instruída em Lucas 14: 13:

Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos;

E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.

Percebam nesses dois exemplos que Jesus não negou a condição social dos pobres como algo a ser superado. Ele, no primeiro caso, ordena que o unguento não seja vendido para dar aos pobres e sim guardado para a sua sepultura, pois os pobres sempre os tendes convosco. Enquanto que, no segundo caso, aconselha à prática da caridade que se fará recompensar na ressurreição dos justos. Que tipo de comunista seria Esse que afirma algo assim?

Até a época de Cristo, o Antigo Testamento sempre representou a vontade expressa de Deus para o seu povo.

Deus nunca determinou algo sequer parecido com o comunismo ou o coletivismo, sempre aconselhando que o seu povo ajudasse os pobres de sua gente, de acordo com o que está registrado em Êxodo (23:11):


Mas ao sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival.

Não lhes permitindo tomar o pouco que eles possuíam, conforme consta em Êxodo (23: 6):

Não perverterás o direito do teu pobre na sua demanda.

E admitindo emprestar com juros somente ao estrangeiro e não a seus irmãos, segundo Deuteronômio (23:19):



A teu irmão não emprestarás com juros, nem dinheiro, nem comida, nem qualquer coisa que se empreste com juros.

Analisem seriamente a parábola que Jesus conta em Mateus (20:1-15):

Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça e disse-lhes:

- Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo.

E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes:

- Por que estais ociosos todo o dia?

Disseram-lhe eles:

- Porque ninguém nos assalariou.

Diz-lhes ele:

- Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo.

E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo:

- Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros.

E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo:

- Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos afadiga e a calma do dia.

Mas ele, respondendo, disse a um deles:

- Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?

Observando e refletindo atentamente, não há como dizer que isso tenha qualquer semelhança com aquilo que defende o comunismo. Poderiam citar o exemplo da Igreja em Atos dos Apóstolos, mas ainda assim a demagogia comunista não subsistiria a um exame mais apurado das escrituras, pois alguns irmãos tinham posses e as doavam de bom grado para a Igreja, algo que por si só bastaria para desmistificar o comunismo.

O Apóstolo Paulo teve que lidar com os embaraços de um estilo de vida adotado por alguns dos primeiros cristãos que já não queriam trabalhar, mas só esperar a volta de Cristo. Dando o exemplo, Paulo trabalhou pelo próprio sustento para não se tornar um peso para a Igreja.

"Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também" - II Tessalonicenses 3:10

Mas não é só isso, no segundo caso, contando uma parábola, Ele nos exorta que ao oferecer um jantar não se convide os abastados financeiramente e sim os pobres, mancos, aleijados e todos os excluídos sociais da época. Jesus não conclamou que se fizesse uma redistribuição de renda ou algo parecido e sim que se agisse igualmente para com o pobre, não acabando por métodos políticos o fim da escala social em que se encontrava o pobre.

Portanto, que retirem o meu Jesus desses delírios ideológicos, pois falam do comunismo como se fosse o cristianismo e o elevado grau dos valores éticos que compõem a doutrina Cristã é totalmente contrário à desvalorização moral e à natureza genocida do comunismo. Jesus não pretende igualar todos em uma única classe social e sim fazer com que diferentes pessoas de distintos níveis sociais vivam harmoniosamente, se respeitando como irmãos em Cristo. Paulo pede a Filemom, um dono de escravos, que receba o escravo fugitivo Onésimo, mas não lhe prega a igualdade social e sim a igualdade em Cristo. A despeito da diferença social, Paulo pede que trate bem o escravo. Reflitam se as declarações de Paulo têm algo de parecido com o conceito de igualdade social:

"Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo" - I Coríntios 7:22.

"Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais" - I Coríntios 9:19.

"Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" - Gálatas 3: 28.

"Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados. Isto ensina e exorta" - I Timóteo 6:1-2).

Corromper a realidade, afirmar que Jesus era um comunista; negar aquilo que Marx sistematizou e seus carniceiros puseram em prática por onde passaram, constituem subterfúgios tão boçais que eu não sinto o menor pudor em declarar o meu desprezo. Jesus é o mesmo Deus que expressou sua vontade ao povo Judeu, preservando a propriedade privada ("... não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." - Deuteronômio 5:21) e reconhecendo uma realidade de pobres e dos ricos, sem julgá-los por sua posição social.

Dou exemplos claros de comunistas na Bíblia através de Jezabel e de Judas. A primeira tomou a herança de Nabote depois de tê-lo o assassinado e o segundo usava o discurso de ajudar aos pobres para roubar o que se acumulava na bolsa. Em contrapartida, compare-os com os ensinamentos de Deus em Êxodo (23: 1-5):

Não admitirás falso boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa.
Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito.
Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.
Se encontrares o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho reconduzirás.
Se vires o jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo.

Tenha em mente também o que está escrito em Provérbios (22:2):

O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez.

Para finalizar, convém dizer que aquele que vos fala se encontra entre os pobres, pois não possuo bem algum de ordem material que seja de grande valor.

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